Um setor no qual a concorrência joga pesado

Um setor no qual a concorrência joga pesado

Por Cláudio Magnavita*

Um dos setores mais traiçoeiros do país é o da aviação comercial. O comandante Rolim, após o primeiro incidente na TAM, a explosão de uma bomba caseira em um Fokker 100, quase perdeu a companhia depois da manchete da Folha de S. Paulo, sobre uma entidade norte-americana que havia considerado a empresa aérea mais insegura do mundo. Era uma fake news, produzida pela concorrência, com um advogado aposentado na área de seguros, que criou a ATA-Air Travel Association, uma corruptela de IATA, a entidade oficial da aviação.

Ele soube rebater, mostrou a fraude e começou a voar. A Azul, quando iniciou a operação, quis transformar o Santos Dumont no seu hub principal. Foram criadas barreiras, financiadas pela concorrência, e teve de ir (para a felicidade das outras empresas) para Campinas. Porém, a sabotagem funcionou. Quando Guilherme Paulus teve a ousadia de assumir a WebJet, foi bombardeado de todos os lados e a concorrência colocava voos no mesmo horário, com tarifas um pouco inferiores, e roubava os passageiros. Ele teve que vender para a Gol. O seu algoz saiu vitorioso. O que temos agora é a ITA, colocada no chão por uma empresa de handling, que cuida dos serviços aeroportuários. Parou ao retirar todos os funcionários de pista e atendimento. Houve incentivo para que isso ocorresse, com dia e hora marcada: no fim do ano passado.

Quando foi parada, a ITA tinha R$ 90 milhões em caixa e 15% do mercado. Em novembro, havia transportado 8 mil passageiros a menos que a Latam. A taxa de ocupação era superior a 90% e as vendas estavam a todo vapor. A campanha de demonização da empresa se limita a dois focos: o site Congresso em Foco e especialista de aviação do Estadão. Só olham para os problemas que a paralisação causou e não registram os reembolsos feitos, muito menos as reacomodações. A empresa pode voltar a voar.

Houve descompasso e sabotagem. A ITA parou e os preços decolaram. Foi coincidência?

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã