Rivalidade entre estado e prefeitura do Rio causa prejuízo a todos

Rivalidade entre estado e prefeitura do Rio causa prejuízo a todos

Por Cláudio Magnavita*

Circula uma lista de nomes que pedem a inclusão da Prefeitura do Rio na comissão que buscará, de forma conjunta, uma solução para o Galeão, comandada pelo Governo do Estado do Rio, Ministério da Infraestrutura e as entidades empresariais Firjan, Fecomércio e Associação Comercial. O trator Eduardo Paes perdeu nas últimas ações o protagonismo que vinha tendo em agendas que conseguia deixar o Governo do Estado a reboque. Fez isso várias vezes em 2021 sem dó nem piedade. Aliás, uma das melhores virtudes  do nosso alcaide é sair na frente, apostando alto em agendas que geram mídia. Os poderes estaduais e municipais, por causa das suas características atípicas (a capital já foi estado da Guanabara), seguem em uma eterna rivalidade na busca pelo protagonismo político. O ocupante do Palácio da Cidade tem sempre a tendência de tratar o Palácio do Guanabara de igual para igual, sem subordinação.

Como quem bate esquece, mas quem apanha não. Está bem viva aquela intervenção do Prefeito Eduardo Paes, em companhia de Axel Grael, prefeito de Niterói, em uma reunião com autoridades estaduais, sobre o fechamento do Comércio e serviços. Espinafrou o encontro. Sobrou crítica até para o Correio da Manhã, que publicou, no dia, os resultados dos pleitos empresariais. Paes ligou a metralhadora giratória e se retirou.

O que o experiente Paes não esperava é que Castro crescesse como candidato à reeleição, com 67% do tempo gratuito de televisão, e podendo ter um vice que apoie Lula.

A maior surpresa para o Prefeito é a posição de um Castro Pitbull, até em enfrentamento com o governo federal nas questões de defesa do Rio, como foi o caso do Galeão.

Nos últimos meses, a exemplo dos cubanos de Miami, o prefeito tem incentivado o surgimento de candidatos anti-castrista. Ao lançar oficialmente Felipe Santa Cruz, deixou claro que não apoia a reeleição do Governador. Fez um jogo mais pesado ao incentivar a candidatura do deputado André Ceciliano, oferecendo a legenda do PSD e depois incentivando que saísse pelo PT, em detrimento a unificação da esquerda com o nome de Marcelo Freixo.

O que Paes não esperava foi o Cidade Integrada, feito sobre sete chaves, colocando o estado como protagonista de uma agenda que a prefeitura procura não dividir responsabilidades: a Segurança Pública.

Neste caso, o Estado, literalmente, passou o trator no Prefeito. Um lançamento com esta dimensão, mexendo, simultaneamente, em duas áreas críticas da cidade, com um programa de serviços muito além da simples ocupação, foi um verdadeiro cruzado de direita na sua tese da inviabilidade política do Governador.

Resta agora ao prefeito aproveitar os espaços deixados para a Prefeitura na Muzema e Jacarezinho. A reunião de trabalho na sexta, 21, foi positiva e o Paes teve a hombridade de aplaudir a iniciativa . Adorou a ideia do viaduto ligando a Muzema ao Terreno do Extra na Barra. Foi técnico e construtivo.

Para Eduardo, é um jogo de ganha e perde. O melhor cenário para ele é a rejeição do atual Governador, já não poderá concorrer em 2026.

O movimento em defesa do Galeão merece, por justiça, a presença da Prefeitura, que saiu na frente no tema, e o próprio Prefeito participou da primeira reunião com o Ministro Tarcísio Freitas. Só que não precisa mendigar e ter lista de apoio. É um candidato nato à comissão. Ressalte-se, porém, o clima de antagonismo de Paes com o governo Bolsonaro, o que até justificaria a ausência em uma primeira rodada.

Já o Cidade Integrada, precisa da Prefeitura e a sua chegada ocorre na formatação do programa. A municipalidade é fundamental para que este esforço de certo e para servir de exemplo para ações futuras.

As características atípicas da capital, inclusive geográficas, e a sua integração com o estado é benéfica ao Rio. Se houver disputa, que ela seja salutar, já que todos estão no mesmo barco. Não pode haver clima de desconfiança entre o Prefeito e o Governador do Rio.  Que existe, agora, muito mais que um equilíbrio político entre os dois, e sim uma agenda comum, que beneficie a todos nós.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã