Perguntas sobre a Covid que precisam ser feitas

Perguntas sobre a Covid que precisam ser feitas

Por Cláudio Magnavita*

São mais de seiscentas mortes de Covid em um único dia. Isto equivale à queda de dois Airbus A330 ou de um gigante A380 em um só dia. Perdemos a capacidade de nos assustarmos? A pandemia chegou a um ponto onde nos sentimos invencíveis? Os leitos dos hospitais estão ou não colapsados?

Estes pobres coitados que morrem são os “idiotas” que não quiseram levantar a camisa e se vacinar? São “idiotas” ou “negacionistas” que merecem morrer?

Depois de dois anos de confinamento e enfrentando uma pandemia, estamos ficando hipnotizados com os números. Estas mortes já não nos tocam. Não nos assustam mais. Passou época em que colocar o lixo na rua era um ato de coragem; que as sacolas de compras chegavam e tinham que ser borrifadas com álcool. Algumas coisas não mudaram e dificilmente serão modificadas, como o eterno colapso do transporte público. Os BRTs continuam sendo as nossas CCC - Câmaras Coletivas de Contaminação. Quem é obrigado a trabalhar e usar esse tipo de transporte público, corre o risco de se contaminar 10 vezes mais do que aqueles quem andam em seus próprios carros.

Para entrar em um restaurante em um Shopping, você é obrigado a mostrar seu certificado de vacinação. Pura idiotice. Apenas diz que você tem menos chance de morrer de Covid, mas pode estar, naquele momento, contaminado e passando o vírus a todos. Por que não pedem certificado na porta dos shoppings? O STF e a Câmara Federal já adotaram sessões virtuais agora em fevereiro. O mesmo ocorre com o legislativo fluminense.

Quando vamos acender a luz vermelha da precaução? Quando a escalada de mortes chegar novamente a 2 mil por dia? Só contamos os nossos defuntos aos milheiros? Seiscentas mortes não significam nada?

A Covid esta se multiplicando, a ponto de gerar uma nova mutação. Foi o medo que nos trouxe vivos até hoje. Quem vier a ler este editorial saberá que sobreviveu porque respeitou o poder letal do vírus. O medo passou ou ficamos mais loucos ou mais corajosos?

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã