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A biografia de Moro que só ele não enxerga

A biografia de Moro que só ele não enxerga

Por Cláudio Magnavita*

A revelação de que Sérgio Moro recebeu 630 mil dólares da Alvarez & Marsal não causou surpresas. Ele ganhou honestamente, como profissional e desimpedido. Conseguiu fazer legalmente um pé de meia que suplanta o que ganharia em 5 anos como magistrado. Só há problema na “lógica morista” na qual prevalece a lógica da cegueira deliberada.

Para Sérgio Moro: “O elemento do conhecimento pode ser satisfeito por inferências extraídas da prova de que o acusado deliberadamente fechou os olhos para o que, de outra maneira, lhe seria óbvio. Uma conclusão acima de qualquer dúvida razoável da existência de propósito consciente de evitar a descoberta pode permitir inferência quanto ao conhecimento. Colocado de outra maneira, o conhecimento do acusado acerca de um fato pode ser inferido da ignorância deliberada acerca da existência do fato”.

O sentimento é que o ex-juiz fechou os olhos para o fato da Alvarez & Marsal está atuando na recuperação judicial da Odebrecht, a principal vilã, que entrou em parafuso com a Lava Jato.

Mesmo que ele não atue na recuperação judicial da construtora, a empreiteira é uma das que irriga o caixa de onde saia seu gordo pagamento. Não enxergar esta conexão é desprezar o mínimo de pudor. Seria algo parecido se Moro fosse trabalhar para uma mesma empresa que presta serviço ao Partido dos Trabalhadores.

Tudo que Moro fez e realizou na Lava Jato é colocado em suspeição pelo próprio Deus da Lava Jato. Foi ser ministro do presidente que ajudou eleger. Saiu brigado, quando a vaga do STF fugiu das suas mãos, e agora se lança como pré-candidato à presidência, materializando um fato que já era de domínio público na época da operação.

Só não enxerga quem não quer. Moro implode sua biografia de super herói da capa preta. Agora, sabemos que no seu caixa tem 630 mil dólares, oriundos de um dinheiro da Odebrecht. Uma vergonha para alguém que queira pousar de paladino da moralidade.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

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