Galeão: agora o ministro Tarcísio tem “muita” pressa

Galeão: agora o ministro Tarcísio tem “muita” pressa

Por Cláudio Magnavita*

Aplausos para o futuro Governador de São Paulo! O atual Ministro do Infraestrutura, Tarcísio Freitas, conseguiu expulsar do Brasil a operadora do melhor aeroporto do mundo, a Changi, responsável por Singapura. Vitorioso, ele já anunciou que suspendeu o leilão do Santos Dumont e vai realizar um, em conjunto com o Galeão.

Tarcísio não quis nem dar tempo da Changi voltar atrás. Transformou em fato consumado uma simples notícia de O Globo, que falava da sua saída gradativa – e do grupo. A ANAC não confirmava a decisão. Para o Rio, é um bom negócio. Galeão e Santos Dumont estarão unidos em um mesmo guarda-chuva, o que é lógico. O Governador Cláudio Castro correu nas redes sociais e apontou para o lado cheio do copo. É o fim de um impasse.

Já para o Brasil, é péssimo. Não se trata um investidor estrangeiro desta forma. Ainda mais quando uma empresa federal é sócia. Os R$ 17 bilhões que a Odebrecht pagou pela outorga é impagável por meios lícitos. A conta não fecha.

O capricho de Marcelo Bahia Odebrecht, de ter o controle da obra que salvou a sua empresa no passado, trouxe como parceiro técnico (exigência do edital) o melhor operador do mundo, a Changi. Eles foram envolvidos pelo turbilhão da empreiteira e entrou como solução, assumindo a operação total. É bom frisar que a Infraero (governo federal) possui 49% das ações da RIOGaleão. Para reestatizar, bastava ter 2% do capital ou ter assumido com a saída da construtora.

Algumas perguntas são feitas por especialistas. A principal delas é sobre qual grupo sério terá interesse em operar em um país que trata um investidor como a Changi desta forma?

A outra é mais grave: este movimento foi realizado para atender o interesse de alguém?

É estranha a rapidez de um ministro de Estado correr para tornar um fato consumado em questões de horas, principalmente quando ele está às vésperas de deixar o cargo e concorrer ao Governo de São Paulo. No mínimo, muito estranho.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã