Por que os passageiros odeiam viajar pelo Galeão?
Por Cláudio Magnavita*
Se a forma que a Changi foi escorraçada do Brasil está errada, a sua atuação como operadora plena do Galeão deixou muito a desejar. O Governo erra em tornar a saída da empresa um fato consumado. A negativa de reequilíbrio do contrato devido à pandemia é um direito incontroverso, e pode gerar um litígio de R$ 7 bilhões. É um valor que é devido pelo quadro epidêmico e pela paralização do aeroporto. É evidente que pode ser incluído a omissão da ANAC, que permitiu que a retomada ocorresse somente pelo Santos Dumont, desprezando o terminal internacional. Sem passageiros, sem companhias aéreas e sem aluguéis, o Galeão ainda sofre e os seus serviços pioraram e muito.
Para reduzir custos, houve a centralização do atendimento no terminal aos passageiros. O translado para as portas de embarque, principalmente o internacional, e os voos do terminal 1, passaram a ser um suplício. Passageiros idosos sofrem e os carrinhos elétricos são verdadeiras fixação aeroportuária.
Sair do Galeão à noite, ou em horário de rush é proibitivo. Uma corrida de UBER pode custar mais do que a passagem aérea. Vale ressaltar as pequenas máfias instaladas nos saguões: a turma do dólar, a do transporte clandestino e de pequenos furtos. Todos velhos conhecidos, e longe de um choque de ordem.
A RIOGaleão nasceu podre, no comando da dupla Elizeu Padilha e Moreira Franco, à frente da Secretaria da Aviação Civil, estendendo o tapete vermelho para a Odebrecht.
A busca de um novo operador, se já não houver um jogo de cartas marcadas, deve priorizar o passageiro. Todo mundo fala em salvar o Galeão, salvar a ex-VEM, salvar voos internacionais, mas absolutamente ninguém lembra do personagem mais importante desta história: o PASSAGEIRO.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã