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O nosso Júlio Cesar do TSE

O nosso Júlio Cesar do TSE

Por Cláudio Magnavita*

Existem exemplos na história que se aplicam com plenitude nos dias atuais. No primeiro embate entre o Presidente Jair Bolsonaro com o Ministro Luís Roberto Barroso, sobre a credibilidade das urnas eletrônicas, o presidente do TSE saiu vitorioso. Bolsonaro capitulou e o ministro pode clamar aos quatro cantos em seu latim perfeito “Veni, vidi, vici”, dito por Júlio Cesar. O ministro, aliás, possui características físicas semelhantes ao imperador romano.

Como vitorioso, Barroso aceitou criar uma comissão para apresentar os bastidores do sistema de votação eletrônica. Escolheu aleatoriamente um militar, que foi substituído pela indicação de especialistas das três armas. São portadores de currículos invejáveis na área de auditoria do mais alto grau.
Uma comissão que começou a ser tocada e passou a ser tratada com um sentimento de ter sido aceite pela corte como “para inglês ver”. Uma comissão só para constar e até perigosamente homologar, um processo que se mantém hermético.

Os especialistas militares listaram uma série de dúvidas que foram remetidas ao TSE e, solenemente, ignoradas. Não houve resposta. A justificativa surge agora, alegando o TSE que as perguntas chegaram na véspera do recesso do judiciário.

Neste ponto, Barroso poderia lembrar de outra máxima de Júlio César: “Não há frio tão intenso e congelante quanto o da indiferença”. Ele simplesmente ignorou o pedido e só se movimentou quando um novo foi enviado, dando um prazo fatal.
Mais um caso que o Ministro, e quase sósia de Júlio César, poderia ter recorrido ao imperador romano que disse : “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”

Não se trata de colocar em juízo a honestidade da eleição , mas o TSE deveria ser diligente em responder imediatamente. Dúvidas em questões delicadas devem ser respondidas para que não se formem nuvens de suspeição. Esta indiferença só alimenta os questionamentos de um processo de explicação, que, sendo em um ano eleitoral, não deveria ficar preso ao calendário do recesso. Não basta ser honesto, deve parecer.

Ao espichar a corda, em assunto tão grave e que foi motivo de uma delicada disputa. Este fato ocorre nas vésperas dele desembarcar no comando da corte eleitoral, cuja a direção será repassado para os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin.

O nosso Júlio César do STF, na sua erudição provocativa, parece ter recorrido a uma das mais perigosas citações de Júlio César. Ele está esticando a corda ao máximo e dizendo em alto e bom tom: “Alea jacta est”! Em preocupante português: a sorte está lançada!

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã 

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