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E se não fosse o senador

E se não fosse o senador

Por Cláudio Magnavita*

O Governo Federal só emitiu sinais de reação à tragédia de Petrópolis depois de ter sido provocado pelo senador Carlos Portinho. Os ministros Rogério Marinho e João Roma tiveram de ser acionados pelo senador do PL para dar sinais de vida e o mesmo com o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães. O presidente em exercício, Hamilton Mourão, só deu sinal de vida na manhã desta quarta, 16 de fevereiro.

Do outro lado do mundo, na Rússia, a solidariedade do Presidente Jair Bolsonaro conseguiu chegar antes do seu vice de plantão.

Não se trata de esperar a decretação do estado de calamidade pública para agir. A percepção é de que Governo Federal não utiliza protocolos de emergência. Vivemos um governo militarizado e com gestores com formação de caserna. Cadê os manuais de emergência? Quem acionou quem? Lamentável que o botão de SOS e Help precise ser acionado por um senador da República.

O governo federal precisa aprender a reagir e de se fazer presente. A sua parcela é muito maior do que de apenas pagar a conta.

Diferente do placar de 18 mortes estampado pelo O Globo na primeira página, todos já sabiam que o número seria bem superior. O desastre é de proporções que ainda desconhecemos.

Vivemos em uma Federação e cada unidade contribui para a União. O Rio, por exemplo, remete muito mais do que recebe. É dever da União socorrer, e não favor.

O cenário de guerra que instalou o caos urbano de Petrópolis precisa de um mutirão conjunto. As Forças Armadas precisam ajudar, e muito. Da Rússia, o Ministro Braga Neto ordenou uma mobilização das três armas.

Muito mais do mais uma cidade, Petrópolis é um símbolo nacional. É uma parte viva da história brasileira que está ferida. A reação a esta tragédia deve ser emblemática. São as nossas tradições e patrimônio histórico que estão ameaçados.

Os mortos, que já ultrapassaram os três dígitos, são vítimas de uma leniência de décadas e de uma especulação urbana desenfreada. A Luz desta quarta-feira, 16, nos trouxe uma dimensão da tragédia que só estávamos assistindo em mosaicos nas televisões.

Esperamos que isso sirva de lição ao Governo Federal. Uma sala de crise e chamamento de responsabilidade o deixará habilitado para reagir e se fazer presente.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã 

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