Uma vitória da coragem parlamentar

Uma vitória dos parlamentares

Por Cláudio Magnavita*

Foram 246 votos de lucidez. São três décadas esperando que houvesse bom senso do nosso Congresso, para corrigir um capricho de uma velha senhora, esposa do Presidente Dutra, que ceifou milhares de empregos e deixou o país sem um instrumento que fomentava a vida artística e cultural. O fim dos cassinos foi um duro golpe. A votação da Câmara corrige uma injustiça e reafirma a lucidez de um parlamento corajoso, que não se intimidou com argumentos arcaicos e preconceituoso. O presidente da Câmara, Arthur Lira, entra para história e reafirma a sua liderança. Como alagoano e nordestino, ele tem a dimensão do desenvolvimento do turismo na sua região.

O relator Felipe Carreras sai como um gigante da sua geração de parlamentar. Fez um projeto amplo, que permitirá a regulamentação do jogo do bicho, bingos e, aos estados, a atuação das suas lotéricas.

Para o Rio, o impacto será tremendo, já que o turismo é uma vocação natural da região. A cultura do jogo do bicho e dos cassinos, dois universos diferentes, tiveram, no estado, o palco de atividade. Neste momento, é importante lembrar o papel de Mario Assis Ferreira, presidente do Conselho do Cassino do Estoril e um dos maiores especialistas no mundo do setor, que sempre orientou a construção de uma legislação brasileira que trouxesse o que de melhor existe sobre o assunto. Assis Ferreira sempre defendeu um modelo no qual um cassino é um grande centro cultural e de entretenimento, junto com o jogo. Ele terá muito o que colaborar no desenvolvimento desta indústria no Brasil, país que o acolheu durante a revolução de 25 de abril.

No Rio, Mario foi acolhido por Ruy Barreto (que faleceu há pouco), criou laços e uma compreensão da nossa realidade. Este 23 de fevereiro é histórico para o turismo e para o Brasil. Foi um primeiro passo, que deverá seguir com um balé combinado de veto pelo Planalto e a sua derrubada posterior. Fundamental que neste processo de gênese conte com uma absoluta transparência e controle.

Nas manifestações dos líderes durante o processo de votação, foi lamentável a intervenção do deputado fluminense Alessandro Molon, repleta de preconceitos e argumentos torpes. Vergonhosa, por ser um Parlamentar de um estado que será um dos mais beneficiados pela regulamentação. Já o deputado baiano Leur Lomanto Júnior, um jovem Turismólogo, pontuou, com absoluta lucidez, a defesa do projeto e os benefícios para o país.

O primeiro passo foi dado e esta vitória é fruto de vários defensores históricos da regulamentação do jogo, e que já não estão mais entre nós, como o jornalista C. Araújo Castro, fundador do Jornal de Turismo, ou Ciro Battelli, que empunharam esta bandeira de forma corajosa.

 

 

 *Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã