O fator Braga Netto na reeleição presidencial

O fator Braga Netto na reeleição presidencial

Por Cláudio Magnavita*

Ao escalar o ministro Walter Braga Netto como seu provável vice-presidente, Jair Bolsonaro acerta em dose dupla. Coloca um dos militares mais reconhecidos na sua chapa, trazendo respeitabilidade e parcimônia a sua composição política.

Ao se desincompatibilizar agora no início de abril, deixando a pasta da Defesa, Braga Netto estará 100% a serviço do projeto eleitoral e controlando cada passo do governo e dos seus aliados políticos, no dia a dia da agenda presidencial.

Ao fazer parte da chapa, ele é também da garantia contra os abusos do judiciário, que já começa a dar uma prévia do que será o segundo semestre. Faz também o contraponto ao candidato acusado de ser ladrão.

No seu currículo está, além de uma carreira impecável, o papel de interventor de segurança do Rio, em 2018. Na prática, foi o Governador da segurança pública do Rio, que estava, economicamente, colapsado.

Braga Netto restabelece também a unidade do discurso que elegeu Bolsonaro. A dualidade de Hamilton Mourão fazia um contraponto que agradava especialmente a oposição.

O papel principal é o de resolver o apetite do Centrão. Ele tem a moral para conter abusos que poderiam ter efeitos nefastos na campanha, baseada na modalidade.

Fora do Governo, Braga Netto deveria montar um núcleo paralelo de comunicação, capaz de mobilizar os grupos, papel que, informalmente, Fabio Wajngarten já exerce a cada crise, como a de agora, envolvendo o Ministério da Educação. Formalmente, poderia exercer, ao lado do general, um monitoramento de imagem.

O presidente Jair Bolsonaro é uma águia política e sabe mexer no tabuleiro político com destreza. Escalar Braga Netto ao seu lado pode ter criado um cenário que lhe dará a reeleição.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã