BRT vira “mico” nas mãos de Eduardo Paes

BRT vira “mico” nas mãos de Eduardo Paes

Por Cláudio Magnavita*

Quando, em março de 2021, o prefeito Eduardo Paes decretou a intervenção no BRT, ele não imaginava, nem em seus piores sonhos, que gerir esse importante sistema de mobilidade urbana se transformaria numa imensa dor de cabeça, principalmente em relação a sua reputação política e pessoal.

Hoje, 13 meses depois, o prefeito do Rio, que sempre se vendeu como um eficiente gestor público, já admite a interlocutores mais próximos que a intervenção e a encampação foram um “tiro no pé”, tamanho o desgaste que ele vem enfrentando desde que decidiu retirar o sistema da gestão dos empresários de ônibus.

Recentemente, uma pesquisa com foco em moradores da cidade do Rio apontou que o transporte público é o tema sobre o qual Eduardo Paes é mais criticado, superando reclamações acerca da gestão da Prefeitura sobre saúde, educação, segurança pública, entre outros. E isso porque muita gente não sabe que Paes já aportou mais de R$ 150 milhões em recursos públicos no BRT e na Mobi Rio (empresa pública criada pelo município para gerir o sistema de transporte do Rio). O mais grave é que, até agora, não há melhorias perceptíveis para quem se espreme diariamente numa frota velha, subdimensionada e que opera com manutenção duvidosa desde a intervenção municipal.

Pressionado publicamente e politicamente, Eduardo Paes tem realizado licitações milionárias para a aquisição de novos ônibus articulados, que vão demorar a entrar em operação. Além disso, vai precisar gastar centenas de milhões em recursos públicos para refazer corredores exclusivos do BRT, construídos em passado recente, no seu primeiro governo, e que se mostraram de péssima qualidade. A Transoeste é um exemplo disso. A sua pavimentação terá que ser refeita, diante do atual estado caótico da pista, que foi construída, paga e inaugurada por...Eduardo Paes.

Essa triste e verdadeira história serve para destacar, mais uma vez, que transporte público precisa ser gerido e operado por quem sabe, e sem ações de viés populista. Cabe ao poder público, no caso, a Prefeitura do Rio, fiscalizar e cobrar pela eficiência do serviço oferecido à população por empresários que têm a expertise do negócio. Quando isso não ocorre, que é a realidade, quem paga a conta é o passageiro. Vale lembrar que o prefeito de uma cidade também é eleito pela população.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã