A mais injusta das pré-condenações

A mais injusta das pré-condenações

Por Claudio Magnavita*

A justiça eleitoral arquivou as acusações contra o ex-prefeito Marcelo Crivella. E agora? Quem compensará as dores e humilhações que sofreu? Quem irá compensar as transmissões ao vivo, na porta do seu condomínio, no Península, as imagens do Helicóptero da Globo acompanhado o seu translado até a Cidade da Polícia, e a sua entrada com um batalhão de câmeras, transmitindo ao vivo a prisão do prefeito da segunda maior cidade do país, sendo levado ao pelourinho sem dor e piedade.

Quem irá compensar o drama de um apartamento invadido na madrugada, com armários e objetos pessoais revirados, celulares confiscados e o vexame elevado a uma potência máxima de uma pré-condenação midiática?

No Brasil, não há sentença de morte, mas se banalizou as decisões monocráticas de desembargadores e ministros que decretam a morte da imagem pública de homens públicos.

O entrelaçamento do Judiciário com os interesses eleitorais de grandes veículos de comunicação produzem uma das maiores aberrações, que não pode ser chamada de liberdade de informação. Expor um homem público a uma prisão faltando apenas cinco dias úteis para ele deixar o mandato é de uma maldade imperdoável . Adversário declarado das Organizações Globo, principalmente pelo DNA que o liga a Record, Crivella teve todo o ser martírio registrado pelos concorrentes. Não houve uma única voz que o defendesse naquele momento. A operação foi tão absurda e era tão forte a imagem do Judiciário, que ninguém imaginava que aquilo ocorresse sem a existência de robustas provas ou até flagrante delito. Todos esperavam a notícia dos milhões que seriam mostrados, a exemplo do QG do Geddel Vieira. Nada apareceu, porque não existia, além de algumas ilações e bravatas

Quem sofreu algo semelhante foi o ex-governador Pezão. Os investigadores falaram de uma fazenda comprada em Rio das Flores. Manchetes anunciaram isso. Mas foi uma fazenda comprada para o estado, esqueceram de olhar .

A condenação midiática e está incestuosa relação: Poder Judiciário e mídia de oposição criam um instrumento nocivo, que um pobre mortal não consegue resistir. Crivella teve a Record para fazer a sua defesa após o arquivamento. Mas quantos homens públicos mereceriam o desagravo em iguais proporções? No caso do Crivella, a fidelização do seu eleitorado lhe garante uma  de uma recuperação. O próprio cristianismo foi construído sobre a história do filho de Deus, apedrejado e crucificado injustamente.

Como candidato, o presidente Jair Bolsonaro apanhou da mídia raivosa. Ele cortou o irrigamento milionário, a exemplo de Crivella, que fez a mídia de oposição a ter recursos infindáveis no passado recente.

Nos últimos meses, a equação que une parte de ministros do STF e a mídia de oposição, passou a atuar junto. Aplaudiram até a volta da censura ou a formação de uma aberração legal, que une, em um só corpo, a cabeça da vítima, investigador e julgador. Não há malefício se este mecanismo se volta para conflitar com Bolsonaro. Como messiânico, Pezão sabe que se aprimora espiritualmente pelo sofrimento. Como evangélico, Crivella sabe que o seu calvário não chega aos pés do que Jesus enfrentou e como político, Bolsonaro se sente revigorado, já que tais inimigos, em desespero, deixam os bastidores e passam a atuar na luz. Estão sendo obrigados a expor os seus nomes e CPFs. O noticiário da Globo e das mídias de oposição ficam indigestos e as togas destes ministros do STF ficam manchadas, perante à história.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã