A força-tarefa deve incluir outros atores

A criação de uma força-tarefa para analisar previamente as grandes compras realizadas por estados, municípios e União, defendida pelo Correio da Manhã, já se começa a se materializar. Iniciativa da Polícia Civil do Rio e do Ministério Público, em Niterói, merece aplausos. Estas forças-tarefas devem incluir, porém, outros atores: Ministério Público, Tribunais de Contas, Policia Federal, Receita, Controladorias Gerais e até representantes da sociedade civil, como a OAB.

O regime deve ser de mutirão e analisar de forma prévia. Servir como um anteparo para a tentação de espertos e gananciosos, loucos para fazer negócio com a miséria e a morte alheias.

No plano estadual, a compra de respiradores por preços elevados pode até se justificar na corrida por este aparelho, na lei da oferta e procura. O que desqualifica a compra é o vendedor , uma empresa de informática com capital de 20 mil reais. A questão do aplicativo tinha por trás uma empresa de telemedicina. Tudo muito estranho.

No plano federal, corre a notícia que o filho de um dirigente empresarial de São Paulo, que já esteve envolvido em projetos milionários da Lei Rouanet, estaria à frente de alguns negócios bilionários de fornecimento à saúde, e que um grande banco de investimento se recusou a participar, por não querer ganhar dinheiro em um quadro de calamidade pública.

Até agora são rumores, mas seria lamentável, sem um critério prévio de apuração, que alguns desses casos fossem concretizados no lado mais negro das compras emergenciais.

É preciso apurar com rigor, mas é necessário dar o voto de confiança aos gestores. Por isso, um grupo de trabalho analisando previamente os contratos, seria salutar para o país e para evitar contestações futuras.