O ato que precisa ser imitado

Alerj doa R$ 20 milhões para reconstruir o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista

Por Claudio Magnavita*

A cerimônia perante a estrutura do Museu Nacional, no palácio da Quinta da Boa Vista na manhã desta quarta, dia 19, foi muito mais do que um ato de cidadania.

A Casa do Povo, ao doar R$ 20 milhões para a reconstrução do Museu, dá um exemplo de responsabilidade, que deveria ser adotado por outros poderes e instâncias de governança.

O Museu Nacional não é um patrimônio apenas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que completa 100 anos em 2020. É um patrimônio do povo brasileiro, especialmente do Rio. Existe um debate de federalizar novamente da cidade e vale lembrar que, neste cenário de busca de autonomia, o Rio é a única metrópole imperial das Américas. A Quinta da Boa Vista foi sede do império português, quando a família real transferiu para corte para a nossa cidade.

Recuperar a Quinta não é apenas restaurar um equipamento museológico e de pesquisa. Foi lá que a família real portuguesa, e depois a brasileira, reinou. Foi sede da corte. Foi no local que um órfão de mãe, e depois de pai, foi deixado aos cuidados do estado, para ser criado e educado para se transformar no imperador D. Pedro II. Foi um governante amado pelo povo, que unificou a nação e trouxe a nossa essência brasileira. Ter a Casa do Povo apoiando de forma efetiva, e não apenas afetiva, a residência e berço de Pedro II, conecta a história ao processo de renascimento moral do Palácio Tiradentes.

A Alerj tem renascido das cinzas e de escândalos que colocaram os seus últimos presidentes na prisão. O nosso legislativo, comandado pelo seu presidente André Ceciliano, demonstra, com este ato, que a sua agenda é maior do viver em função de um processo de impeachment. É importante pensar no futuro e, principalmente, reverenciar e aprender com o passado. O socorro do Palácio Tiradentes ao Palácio da Quinta da Boa Vista deve ter deixado o espírito do nosso democrático imperador muito feliz. Que o Governo do Estado, o Tribunal de Justiça, a Prefeitura do Rio e a Câmara Municipal da cidade sigam os passos da Alerj.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã