Responsabilidade com a história

As instituições deveriam ser protegidas ao vil metal

Por Claudio Magnavita*

Apesar dos ataques do governador Wilson Witzel a subprocuradora Geral da República Lindora Araujo, a atuação da PGR tem sido de uma parcimônia elogiável.

Diferentemente do passado, procura manter a investigação longe da mídia e o Procurador Geral, Augusto Aras, evita entrevistas. Só se manifesta de forma concreta, como realizou agora, ao validar os ritos e composição da comissão do impeachment da Alerj.

Sem ter uma crise alimentada pelos seus verdadeiros atores, está ficando somente por conta dos investigados os factóides. Eles descredenciam a deleção, contestam o papel de vértice da pirâmide como se uma personalidade, como a do governador acusado, deixaria de ser protagonista de cima da cena. Agora, tentam incluir nos seus mal feitos alguns deputados estaduais. Tentam apavorar de forma velada ou na base da chantagem.

Nesta equação, merece ser elogiada a relação respeitosa que o MP estadual passou a ter com o federal, bem diferente da disputa de protagonismo dos outros titulares da PGR.

Nem mesmo os pequenos deslizes do MP estadual, como o de perder prazo ou levar uma espinafrada de um juiz, como foi no caso da FGV, tem afetado o balanço final do alinhamento das apurações relacionadas aos péssimos feitos na saúde, e o seu diálogo com Brasília.

As investigações mostram que foi instalado no Rio uma verdadeira fábrica de ações de má qualidade. Não tivemos ainda a sorte de ter um governo estadual saneador, e sem escândalos.

Cabe ao Ministério Público investigar e indiciar e ao Judiciário, bem instruído, de julgar. O que preocupa é o surgimento de novos personagens, como ex-integrantes do próprio Ministério Público, que se colocam, agora, na defesa dos mal feitores, e tentam antecipar ou até mesmo acessar informações sigilosas que, se vazadas, desequilibrariam os ritos naturais, contaminando o resultado final.

Deveriam existir mecanismos que protegessem as instituições destes quadros, que por sedução ao vil metal, mudam de lado.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã