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Os agiotas do governo brasileiro e algozes dos empresários

Não possuímos mais bancos com o estigma regional, que apoiava e se preocupava com o cliente

Por Claudio Magnavita*

 O sistema bancário brasileiro não precisa de especialistas em finanças e sim de um psiquiatra. Ele desafia qualquer lógica e é desprovido de qualquer sentimento de remorso ou culpa.

O que está ocorrendo agora na pandemia é um retrato deste sentimento suicida, capaz de matar ao invés de incentivar o mercado, como é feito pelos bancos em todo o mundo.

Os bancos no Brasil se colocam compulsivamente como inimigos da sociedade. A concentração em três grandes instituições, acompanhada de omissão de dois bancos estatais, e o enxugamento das suas estruturas de atendimento é seguida do empobrecimento da qualidade dos profissionais das suas agências.

Nesta crise, fica visível a incapacidade dos bancos de saírem da sua bolha e socorrer quem realmente precisa. Só conseguem falar para os seus microuniversos. Socorrem a quem não precisa e negam àqueles que acreditam na ajuda federal.

Milhares de empresários estão desesperados. Empregos estão ameaçados e o sistema financeiro age como se o problema não fosse dele. Na prática, realmente não é. Os bancos brasileiros vivem para financiar o déficit do seu maior cliente, o governo. O déficit público brasileiro é uma mina de ouro inesgotável para os bancos.

O Bradesco nasceu como um banco regional em Marília. Vivia de financiar o empresário e produtor local. Seu Amador Aguiar conhecia os clientes pelo nome. O Itau-Unibanco seguiu os passos de pequenas instituições que cresceram e o Santander, espanhol, na realidade, se esconde na matriz de um Banespa e de um Real, que tinham uma proximidade com sua carteira privada.

A maior distorção vem dos juros estratosféricos que até hoje praticam. Nem agiotas cobravam na década de 60/70 o que os bancos, inclusive os oficiais, exigem.

O próprio sistema bancário chegou a ter nos seus quadros um milhão e seiscentos mil funcionários. Hoje, não chegam a 300 mil. Não empregam mais como antes e agora estão matando as empresas que empregam.

Na pandemia do novo coronavírus, é que percebemos e sentimos na pele que não possuímos bancos que apoiam e se preocupam verdadeiramente com seus clientes. Não temos mais bancos regionais e que tratem os clientes como clientes.

Possuímos um sistema no qual 30% da carteira são de títulos prefixados, com rentabilidade média de 9% a.a. enquanto a Selic está hoje em 2.0 % a.a., e 47 % destes títulos pertencem aos três bancos privados. Na pandemia tiveram o seu sentimento de cartel oficializado, chegando ao cúmulo de assinar de forma conjunta peças publicitárias.

A dívida interna em 10 anos saiu de um trilhão e quinhentos bilhões e deveremos fechar em cinco trilhões, sendo que três trilhões foram sem a covid.

O sistema oficial, ao invés de contraponto, virou clone desta distorção bilionária que hoje mata empresas e empregos, simplesmente porque desaprenderam, há muito tempo, os princípios da atividade-fim e viraram apenas o grande agiota oficial do governo brasileiro.

*Claudio Magnvaita é diretor de redação do Correio da Manhã 

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