O dom da autocombustão

É inacreditável que um parlamentar com carreira truculenta queira ocupar a pasta que mais deu conquistas ao governo Witzel

Por Claudio Magnavita*

Ninguém duvida que um dos maiores acertos do Governo Witzel foi sua forma de tratar o turismo. Witzel dizia que o turismo era o novo petróleo do Rio. Estava certo.

Compreendeu a vocação do estado e colocou na pasta Otavio Leite, relator da Lei Geral do Turismo e um parlamentar reconhecido nacionalmente como representante do setor. Ao deixar a pasta para fazer doutorado em Turismo, em Portugal, Leite só reafirmou a sua relação com a área. Deixou como substituta, Adriana Homem de Carvalho, sua subsecretaria e profissional da área de eventos.

Entre as conquistas de Witzel estão a retomada de agenda na feiras internacionais com estande próprio, uma grande campanha publicitária nacional e a criação de escritórios de representação no exterior.

O Correio da Manhã, um ácido critico dos erros e omissão de Witzel, sempre abriu parênteses para elogiar a prioridade que ele dava ao turismo. Agora o turismo está estarrecido com as notícias de que o governador em exercício, Cláudio Castro. entregaria o setor de bandeja aos deputados Rodrigo Amorim e Alexandre Knoploch. Uma olhada no Google explica o repúdio. Como pessoa religiosa, o governador em exercício deveria ler o documento da Organização Mundial de Turismo, órgão da ONU, que coloca como seu primeiro tópico: “Promover a paz entre os povos do mundo.”

É inacreditável que um parlamentar com uma carreira truculenta e construída no extremismo, quebrando a placa em homenagem a Marielle Franco e traindo o presidente Bolsonaro, resolva ocupar a pasta.

O Globo e outros veículos publicam como certa a nomeação. Já o Palácio Guanabara fica em uma silenciosa cumplicidade.
A capacidade de autocombustão de um Governo pelo qual as pessoas torcem para dar certo é inacreditável. Esta sendo assim com o “AmorimTur” e com a demissão dos auditores da saúde. Não faltou alerta.

O governador, mesmo em exercício, pode nomear quem quer, mesmo sem consultar o setor da pasta, mas terá de aguentar as consequências dos seus atos.

Quando foi decretada a intervenção federal na Segurança, todos os hotéis colocaram bandeira do Brasil no seu mastro. Se a nomeação da dupla Amorim/Knoploch for concretizada, elas serão colocadas a meio mastro em sinal de luto. O Conselho Estadual de Turismo esta em pé de guerra. É um verdadeiro tiro na “cabecinha” de um dos maiores legados do governo eleito em 2018.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã