Os cordeiros e a raposa

A eleição do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para o quadriênio 2021-2024 marcou um progresso: a presença maciça de atletas no pleito. Se antes eles tinham direito a um voto, agora têm 12 e, para o próximo escrutínio, a tendência é aumentar para 19. Porém, o que se viu foi que eles não aproveitaram a chance para renovar o grupo político dominante no COB.

Por mais que Paulo Wanderley tenha opiniões próprias, como incluir no estatuto do comitê que a Comissão de Atletas tenha direito ao voto nas eleições e dar mais transparência aos atos do COB à sociedade esportiva, ele era vice-presidente de Carlos Arthur Nuzman até o mandatário renunciar à presidência, em 5 de outubro de 2017.

Ou seja, Wanderley pode ter uma linha política diferente do seu padrinho, mas é do mesmo segmento de Nuzman.

E sua reeleição à frente da principal entidade olímpica brasileira mostra que, por mais que os progressos aconteçam, o espírito de mudança necessária para o COB crescer ainda está longe por vir. Principalmente porque, na primeira eleição com grande número de atletas votando, o pleito opta pela continuidade do trabalho, ao escolher uma nova forma de gerência.

Entretanto, um recado foi dado a Paulo Wanderley: ou ele faz os progressos exaltados neste pleito de 2020 ou, daqui há quatro anos, dificilmente conseguirá outro mandato, pois a sorte não bate à porta duas vezes.