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Uma minhoca astuta

Por Claudio Magnavita*

O caso do deputado Daniel Silveira ganhou a proporção midiática que ele próprio desejava. Silveira ganhou uma notoriedade desproporcional à sua importância e espaço político.

Um oportunista, elegeu-se com pouco mais de 30 mil votos na onda da direita de 2018. Seu radicalismo inconsequente agora o coroou como personalidade nacional que mobilizou a Suprema Corte do Brasil. Seu expurgo partidário é o início de uma faxina nesse extremismo de ocasião.

Quem melhor o definiu foi o jornalista Fernando Gabeira, na lucidez de quem completava 80 anos, no dia 17 de fevereiro: “Daniel Silveira é um oportunista que identificou uma brecha nas revelações do general Villas Bôas, na reação do ministro Edson Fachin, na réplica do próprio militar e na fala do ministro Gilmar Mendes”.

Se Silveira fosse ignorado, sua insignificância se diluiria no folclore político. Houve uma valorização desnecessária de uma fala que não deveria receber importância. Transformá-lo em mártir, com uma intempestiva prisão criando uma relação delicada entre Judiciário e Legislativo é valorizar um pobre coitado, que vai adorar dormir na cadeia, de onde sairá como herói para a massa de insanos e reacionários.

Claro que Silveira não pode ficar impune com as barbaridades que falou. Cabe ao próprio Congresso puni-lo. Na Câmara, ninguém o leva a sério. Expurgá-lo seria um favor à sociedade. O STF acabou brigando com uma minhoca astuta.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

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