Pazuello sem máscara
Por Cláudio Magnavita*
O Correio da Manhã publicou em 18 de janeiro o editorial “E agora, generais?” Cobrávamos o pífio desempenho do general Eduardo Pazuello, um intendente que foi nomeado secretário-executivo e assumiu o Ministério da Saúde de supetão, com a saída intempestiva de Nelson Teich. Após três meses e meio como interino, foi oficializado em 14 de setembro de 2020.
A bomba explodiu em seu colo, e a sua falta de legitimidade por não ter formação na área de saúde, além da longa interinidade – foi um dos mais longevos da história – transformaram sua missão em uma ação suicida para a imagem das Forças Armadas.
O maior erro de Pazuello foi militarizar a estrutura do Ministério da Saúde. Fez isso não como ministro, mas ainda na Secretaria- Executiva. Quando virou ministro, mais de 20 militares passaram a ocupar posições-chaves no Ministério, com cargos de secretarias, subsecretarias e diretoria de departamentos. Muitos substituíram funcionários civis – entre eles, alguns de carreira.
Ao conceder entrevistas e colocar o foco no problema Pazuello, o ex-secretário Fabio Wajngarten não traía nem jogava contra o presidente. Ele separava o joio do trigo. O presidente Jair Bolsonaro acreditava no seu general ministro. Quando acendeu a luz amarela, foi emparedado por generais que saíram na defesa do colega. Até sua demissão foi um parto. Pazuello sem máscaras em um shopping de Brasília retrata o que ocorreu: um ingênuo que se cercou de colegas da caserna e nunca viu seus erros.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã