Precisamos de um hino que resgate a nossa autoestima

Precisamos de um hino que resgate a nossa autoestima

Por Cláudio Magnavita*

Na solenidade de posse do governador Cláudio Castro na Assembleia Legislativa, um fenômeno se repetiu. Nenhum dos presentes cantou o hino do estado do Rio de Janeiro.

O deputado Otavio Leite, que cuidou do turismo do estado nos últimos anos, desfez o mistério,  na solenidade da tarde, no Guanabara, depois da execução do hino: “A letra não fala nada do estado e não emociona”.

O hino é um daqueles entulhos que vai ficando e ninguém mexe. Intitulado de “15 de novembro”, foi oferecido ao primeiro governador, Francisco Portela, após a proclamação da República. Composto pelo maestro João Elias da Cunha, da Força Militar do Estado, teve a letra do poeta Antônio Soares de Souza Júnior personalizada    com a inclusão sete vezes do gentílico “fluminense”, em um texto genérico que fala do fim da escravidão e alusões antimonarquistas com a expressão “virão cetros mostrar falsos brilhantes”.

Precisamos de um hino que traduza a nossa diversidade e belezas naturais. Nenhum lugar do mundo reúne em um território tão pequeno tanta riqueza, cenários fantásticos, serra, mar, lagoas, canaviais, petróleo e muita história. Isso precisa ser cantado para encantar e despertar o orgulho da nossa terra.

A melodia do hino é impecável. Pode e deve ser mantida. Precisamos de uma nova letra.

O Correio da Manhã, que em 2021 completa 120 anos, lança aqui a ideia de um grande concurso estadual para a escolha de uma nova letra. Um movimento que envolva as academias de Letras, as secretarias da Cultura, Educação e Turismo.

Precisamos ser mais bairristas. É de arrepiar participar de qualquer solenidade do Rio Grande do Sul e presenciar todos os presentes cantando com o fervor o hino que tem matriz na Revolução Farroupilha.

Em um estado que é berço de grandes compositores e capital artística do Brasil é inacreditável que o nosso hino seja emprestado da proclamação da República e seja batizado de 15 de novembro.

Este processo de renovação e reconstrução do Rio passa pelo resgate da autoestima. Precisamos falar da própria capital, de Niterói, Campos, Paraty, Rezende, Angra, Petrópolis, Três Rios, Valença, Itatiaia, Rezende, Quati, Carmo, São Gonçalo, Barra Mansa, enfim, um conjunto de 92 municípios extraordinários que precisam  ser cantados!   

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã