Envelhecida e desunida, esquerda do Rio não consegue se renovar

Envelhecida e desunida, esquerda do Rio não consegue se renovar

A envergonhada esquerda carioca

Por Cláudio Magnavita*

O que está ocorrendo com a esquerda fluminense é digno de uma reflexão profunda. O silêncio do PSOL sobre os contratos bilionários da Prefeitura do Rio com as organizações sociais é assustador.

O partido que historicamente sempre foi um exemplo de oposição, de fazer uma marcação cerrada aos gestores públicos, parece que está eclipsado naquilo que tem de melhor, colocar a boca no trombone.

Ao aceitar que a sua, ainda, estrela maior, Marcelo Freixo, empregue o filho como assessor da secretaria municipal de Esportes, o princípio da independência fica maculado. O caso do filho de Chico Alencar, outra estrela do partido, é diferente: o rapaz tem luz própria e sempre atuou no meio ambiente. Mas não deixa de existir uma nuvem de gratidão com a gestão Eduardo Paes.

O bom desempenho de Benedita da Silva nas últimas eleições municipais foi uma lufada para o PT. Mas é uma senhora septuagenária, no próximo ano, octogenária. Não houve renovação? Não surgiram novos nomes nas gerações seguintes? Nem o PCdoB gerou novos nomes.

O pior é o desgaste de Freixo em querer sair do PSOL e correr para o PSB. É uma legenda mais palatável para os amigos da roteirista Antônia Pellegrino. Seu casamento com o deputado ganhou espaço na elitista revista “Vogue”. Ela o abduziu para um mundo sofisticado, que inclui casa no sul da Bahia e a piscina do Copacabana Palace. Até o visual do rapaz  mudou.

No interior, o principal reduto do partido, Maricá, está sempre no fio da navalha do certo e errado. O eterno presidente estadual do PT, Washington Quaquá, continua preso à milionária bolha de Maricá, cidade da qual foi prefeito.

Em São Paulo, Guilherme Boulos está conseguindo unir a esquerda. O próprio PT admite perder o protagonismo para a estrela do PSOL. Em São Paulo, a esquerda cresce. No Rio, anda meio envergonhada, aliás, muito envergonhada e de braços dados com uma gestão municipal, que, no ciclo anterior, era representada por um vice-prefeito.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã