Povo é quem banca a mordomia dos prefeitos na Gávea (Nada) Pequena
As mordomias do prefeito
Por Cláudio Magnavita*
Em pleno 2021 é aceitável a ideia de que o prefeito de uma capital more em um imóvel da cidade e com todas as suas contas pagas pelo erário público?
Quando se fala em todas as contas, isso se refere a comida, uma equipe de serviçais, bebidas alcoólicas, serviços extras como canais a cabo, luz, telefone, segurança e viaturas. É aquilo que chamávamos de “mordomia”. Um elenco de vantagens indiretas incluído no pacote de um prefeito eleito.
O Rio é a única capital que oferece ainda este tipo luxo, hoje restrito só para os presidentes nacionais dos poderes e alguns governadores. Um chefe de estado, por razões de segurança, recebe essas mordomias de forma natural. Apesar de existirem referenciais internacionais diferentes, como o caso da chanceler alemã Angela Merkel, que continuou a viver no seu pequeno apartamento, lavando e passando as suas roupas.
A cidade herdou alguns hábitos do estado da Guanabara. A Gávea Pequena é um paraíso a disposição do governante. O pacote de mordomia é absoluto. O ex-prefeito Marcelo Crivella preferiu continuar residindo no seu apartamento na Península, a exemplo do governador Cláudio Castro que poderia ter ido para o Laranjeiras, como fez o seu antecessor. Além de adorar a Gávea (Nada)Pequena, Eduardo Paes aceitou que empreiteiras fizessem uma reforma, incluindo um home theater nas suas gestões passadas. A
Secretaria de Integridade deveria publicar os gastos mensais da residência oficial. Esse tipo de mordomia é aceitável atualmente?
A história da residência oficial
O imóvel é de meados do século XIX e foi vendida em 1916 para o então Distrito Federal (ainda no Rio); inicialmente, para ser uma colônia de férias, mas virou casa de veraneio para prefeitos, governadores e presidentes. Em 1985, virou a residência oficial dos prefeitos do Rio.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã
