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A CPI da arbitrariedade

A CPI da arbitrariedade 

Por Cláudio Magnavita*

O dia 10 de junho entrará para a História não apenas como o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas. Será o dia em que a CPI da Pandemia ultrapassou todos os limites do bom senso, por absoluto desconhecimento e falta de ponderação.

Nas entrelinhas de uma quebra de sigilo telemático e bancário de três grandes agências de publicidade, os membros da CPI cometeram uma perigosa violência contra os direitos de privacidade da atividade empresarial e dos negócios.

A Comissão Parlamentar de Inquérito e parte dos senadores que a integram passaram um atestado de ignorância e arbitrariedade. Uma característica da elite brasileira é a de incorporar nuances fascistas apenas quando estão no poder. O Renan relator não tem nada a ver com o senador acuado por denúncias de resolver problemas de um relacionamento extraconjugal com soluções moralmente discutíveis.

A falta de educação e até de bons modos dos senadores inquisidores revelam o efeito das bravatas oriunda das transmissões ao vivo da sessões. Até Lampião sabia ser mais cordial.

O caso das agências é uma grave ameaça à atividade privada. A maior das três, a Artplan, fatura com todas as contas públicas que atende apenas 9% da sua receita. A quebra do sigilo bancário e telemático atinge toda a sua operação. São dezenas de clientes particulares que terão violadas as suas estratégias de marketing e publicidade.

Atinge também os veículos de comunicação, jornais, revistas e redes de TV, que terão expostas as suas relações comerciais particulares.

Bastaria pedir exclusivamente os contratos com o cliente Secom e descobrir que é o Google que gerencia a veiculação de internet, com valores pífios, como a própria empresa explicou em 2020.

O pai desta iniciativa tem nome e CPF. É um obscuro senador eleito por Sergipe, Alessandro Vieira, um gaúcho que era delegado da Polícia Civil, que surfou na onda do lavajatismo e do bolsonarismo. Eleito, passou a ser um senador inquisidor, virando as costas para o estado que lhe deu o mandato.

Foi Vieira quem propôs a CPI do Lavatoga e agora abandona o partido Cidadania por não encontrar eco para as sandices que obtêm abrigo na Comissão de Inquérito. Será senador de um só mandato, igual ao delegado Protógenes como deputado. O curioso é oportunismo do senador. Da mesma forma que virou as costas para Sergipe, passou a fazer oposição a Bolsonaro e, agora, ataca a iniciativa privada.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

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