O domínio de Renan Calheiros e de Bruno Dantas sobre o Cade

O domínio de Renan Calheiros e de Bruno Dantas sobre o Cade

Por Cláudio Magnavita*

A perigosa e silenciosa politização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ocorrida nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, vem tendo desdobramento agora no Governo Jair Bolsonaro. Segue a mesma cartilha das administrações anteriores e de algumas autoridades da República que estão em guerra declarada com o Palácio do Planalto.

O Cade, autarquia do Ministério da Justiça, concentra o enorme poder. Além poder influir e autorizar os maiores negócios do país, como fusões e vendas, virou o centro de reabilitação das empresas envolvidas na Lava-Jato, que através de acordos de leniência (é o único organismo público capaz de celebrar acordos de leniência), além da Polícia Federal e Ministério Público.

Através das leniências firmadas com o Cade, sincronizado com a Controladoria Geral da União, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Setal Engenharia, Carioca Engenharia e a  Construtora OAS conseguiram voltar a prestar serviços para o Governo Federal e outros entes públicos.

O Cade está sob o comando de indicados pelo senador Renan Calheiros e de seu afilhado Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), através do presidente  Alexandre Barreto de Souza, cujo mandato expira nesta terça, 22. Ele quer trocar de cargo com o atual superintendente-geral, Alexandre Cordeiro Macedo. A Superintendência é a porta de entrada dos processos e dos acordos de leniência, que, aliás, seguem de forma morosa e sigilosa criando uma nuvem de impunidade para quem cometeu dolo.  Com o atraso dos processos e das investigações, muitas provas simplesmente evaporam. São vários processos para cada construtora, praticamente um para cada obra na qual ocorreram o irregularidades e formação de cartel.

Este troca-troca do Cade envolve o maior negócio em curso do Brasil, a concessão do 5 G. O ministro Bruno Dantas, tem acompanhado, pelo TCU, a agenda desse bilionário negócio. Misteriosamente, ele e o ministro Fabio Farias, que defende o troca-troca do Cade. Bruno Dantas é 100% cria de Renan Calheiros, que, na condição de presidente do Senado, ungiu o rapaz, seu assessor jurídico, com apenas 36 anos, para o TCU. Barreto de Souza saiu do gabinete de Bruno para o Cade e Cordeiro Macedo do gabinete de Ciro Nogueira, presidente do PP, de quem foi assessor no Senado.

Esse silencioso domínio político do Cade é nefasto ao país, carrega as digitais de Renan Calheiros e a contaminação da folha corrida do passado de Fabio Farias que tem enrolado o presidente Jair Bolsonaro na defesa desse troca-troca.  

*Cláudio Magnvavita é diretor de redação do Correio da Manhã