Malfeitos de Witzel adubam o pântano oportunista da CPI

Malfeitos de Witzel adubam o pântano oportunista da CPI

Por Cláudio Magnavita*

Esta quarta, 23, foi um dia de glória para o ex-governador Wilson Witzel. Aleluia! Depois de ter sido defenestrado do Palácio Guanabara (e despejado) do Laranjeiras), condenado por ter abrigado o mais hediondo esquema de corrupção na saúde durante a pandemia, ele encontrou um porto seguro para a sua enlameada folha corrida de malfeitos. Vai adubar as teorias de conspiração e seletivas da ardilosa Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado.

A CPI da Pandemia virou, na realidade, o palco do G7, um punhado de sete senadores – alguns com um passado capaz de ofuscar os malfeitos de Witzel, todos imbuídos em crucificar as ações do Governo Federal.

É patético assistir à solidariedade de Renan Calheiros e de Randolfe Rodrigues, até então em lados extremamente opostos, agindo como hienas em torno de uma presa. Fazem um balé que desafia a lógica que distorce os fatos. Os dois são mestres em enxertar entrelinhas maliciosas em suas falas. Gargalham e uivam como hienas enlouquecidas pela possibilidade do sangue presidencial. É patético os merchandising para os leitores amazonenses do chefe-mor Omar Aziz,

A seletividade da CPI deixa claro o objetivo político dessas sessões que se apoderam da real dor de parentes e familiares das 500 mil vítimas. O luto é invocado sempre quando querem se proteger dos ataques dos poucos parlamentares governistas, estes travestidos de oposição à alcateia pintada e uivante.

A seletividade implode a própria credibilidade da CPI. Os depoimentos dos médicos favoráveis ao uso preventivo dos remédios, demonizados pelo G7, foi marcada para uma sexta e não teve a presença do relator e do senador Otto Alencar, o doutor sabe quase tudo. Os governadores não foram convocados e hoje estão escudados na decisão esdrúxula da ministra Rosa Weber. Carlos Gaba, o coordenador do naufragado consórcio de governadores nordestinos teve a sua convocação barrada pelo G7. Na mesa, a convocação dos personagens que deram um rompo, equivalente à caverna de Ali-babá do Geddel Vieira, do mesmo partido de Renan. São R$ 50 milhões pagos por 300 respiradores destinados à Bahia e que têm como personagem um investigado que era chefe da Casa Civil do Governo do PT.

Transformado em herói e paladino da verdade, Wilson Witzel encontrará ouvidos atentos e tentadores destes senadores. Como tribunal, a CPI perde a sua credibilidade ao instituir as plaquinhas de acrílico que antecipam a posição de cada um. A usurpação do luto alheio corrompe a capacidade investigativa isenta. São investigadores de parcialidade assumida.

Como uma fogueira junina, a credibilidade da CPI e do Parlamento arde. Existe a cumplicidade de parte da mídia, que já defenestrou Calheiros da Presidência do Senado e que hoje, por oportunismo, o trata como um justiceiro de aluguel, típico das Alagoas.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã