O BRT e a má fé das empreiteiras

O BRT e a má fé das empreiteiras

Sucateamento da frota do BRT é consequência das fraudes nas obras

Por Cláudio Magnavita*

O Sistema BRT do Rio é a nossa Câmara Coletiva de Contaminação- CCC, o maior núcleo de propagação da Covid no na cidade esta colapsado por um erro grave de origem.
A super lotação é fruto dos poucos carros disponíveis, do elevado sucateamento da frota. O modelo idealizado por Jaime Lerner, que faleceu há poucos meses, é sucesso em Curitiba, em Bogotá  e em outras metrópoles.

O ex-prefeito Marcelo Crivella, que é engenheiro, apontou os erros estruturais das pistas do BRT. Elas estavam se desfazendo. Duraram apenas poucos meses. A maquiagem de alguns empreiteiras foi gritante. Fizeram os pavimentos com 1/3 da espessura contratada. A frota totalmente nova dos ônibus articulados resistiu aos pisos irregulares, esburacados e com enorme desnível. A frota colapsou por ser obrigada a circular em condições precárias. Nesta segunda, 12 de julho, um dos ônibus articulados teve de parar no meio do trajeto. O tanque de combustível rompeu. A alegação da Prefeitura, que hoje administra o BRT: “Rompeu o tanque de combustível por causa de um buraco.”

As empreiteiras do BRT foram investigadas e fizeram acordo de leniência com a Prefeitura, que agora estão engavetados. A Secretaria de Integridade e Gestão da Prefeitura simplesmente ignora as confissões que foram feitas e os processos que pedem indenização.

E grande erro é culpar os empresários do setor dos transportes pelo que ocorreu. A corrupção sistêmica da Fetranspor teve um ponto final com as delações do Lelis e do Lavouras. Hoje, as empresas de ônibus são geridas por uma nova equipe, que adotam regras de compliance. O sistema está podre, por conta de um congelamento tarifária e da falta de condições para operar. Já são nove as empresas de ônibus em recuperação judicial. Quem sofre é a população. Sem subsídio, o sistema não ficará em pé e a Prefeitura tem sua responsabilidade neste colapso.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã