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Os indecorosos R$ 5,7 bilhões

Os indecorosos R$ 5,7 bilhões

Por Cláudio Magnavita*

A decisão da Câmara de triplicar para 2022 o Fundo Especial de Financiamento de Campanha – fundo eleitoral que irá financiar as candidaturas de deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores e presidente da República é um verdadeiro escárnio.

Em plena pandemia, com o déficit orçamentário bilionário histórico, a Câmara tem a cara de pau de advogar em causa própria. A atitude moralizadora fica agora nas mãos do senado.

A sociedade precisa reagir. Serão R$ 5,7 bilhões destinados ao fundo eleitoral. Virar dono de legenda passou a ser um grande negócio. O que tem ocorrido nas gestões partidárias já seria suficiente para que o parlamento deixasse de irrigar esse tumor que mistura o público com o privado. É preciso investigar o que ocorre com as fundações ligados aos partidos, para as quais são drenadas por lei parte desta verba. Um exemplo é a atuação do vice do Patriota, Ovasco Resende, que gere a fundação, transformando-a em um grande cabide de emprego para amigos e parentes.

Esse valor é quase o triplo de 2018 e 2020, anos eleitorais em que o fundo era de R$ 2 bilhões. Serão quase R$ 6 bilhões, o que é capaz de criar uma distorção na competição entre os candidatos, ajudando os partidos maiores se consolidarem no poder pelo uso do dinheiro, exatamente o que a legislação tentava evitar ao proibir o financiamento privado.

Esta aprovação esdrúxula e perdulária precisa ser explicada ao eleitor. A reação tem que ser de indignação e imediata.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

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