Direto no alvo: As mentiras de Rogério Caboclo

Da redação do CORREIO DA MANHÃ

Afastado do comando da CBF após graves denúncias de sua assistente pessoal na entidade, que o acusa de ter praticado uma sequência de assédios sexual e moral, Rogério Caboclo mentiu pelo menos nove vezes em correspondência enviada em 5 de julho aos presidentes de federações estaduais. O Correio da Manhã teve acesso a um documento que destaca nove mentiras proferidas pela defesa de Caboclo na correspondência enviada às federações.

1) Rogério Caboclo, que terá que se defender de graves acusações feitas por provas consideradas robustas, mente ao atribuir o seu afastamento a um “inédito golpe”.

A verdade: quem teria cometido golpes é Caboclo, contra ao menos uma funcionária, que sustenta suas denúncias com áudios, prints e relatos de assédios que ela garante ter vivido diante do acusado. O assunto já está sendo tratado nas esferas criminais;

2) Caboclo mente ao informar que membros da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro “recebem salários acima da média e têm fortes ligações com Marco Polo Del Nero”.

A verdade: o acusado de assédio foi o único responsável, como então presidente da CBF, pela recondução da atual diretoria e da Comissão de Ética, em abril último. Esse fato demonstra a confiança do acusado acerca do comprometimento, competência e retidão dos integrantes dessas duas instâncias;

3) O acusado de assédio Rogério Caboclo mente ao sugerir que houve tentativa de suborno à funcionária assediada.

A verdade: se Caboclo não cometeu assédios sexual e moral contra quem o acusa, por que haveria oferta de dinheiro à vítima? E caso a tentativa de suborno tenha ocorrido, e se ele a presenciou, por que não denunciou a ação criminosa, como então presidente da entidade? Nesse caso, o acusado teria, no mínimo, deixado de cumprir com seu dever de principal gestor da entidade;

4) Caboclo mente ao afirmar que “foi montada uma espécie de tribunal de exceção para impedir o seu retorno ao cargo”.

A verdade: o afastamento de Caboclo se deu em razão de grave denúncia de assédios protocoladas por uma funcionária que atuava diretamente com ele; e resultou de decisão unânime adotada por profissionais que, em abril, foram reconduzidos a seus cargos pelo então presidente. Vale destacar que o acusado usufrui da oportunidade de ampla e plena defesa perante a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, mas se negou a contar sua versão à referida comissão;

5) Caboclo mente ao informar que os episódios que geraram a prisão de José Maria Marin e o banimento de Marco Polo Del Nero não tiveram como consequência rescisões contratuais de patrocinadores da Seleção Brasileira.

A verdade: o acusado de assédio ignora que alguns patrocinadores de grande porte  deixaram de ser parceiros comerciais da CBF em razão de ocorrências referentes a Del Nero e Marin. Atualmente, os atuais patrocinadores seguem extremamente preocupados mesmo diante da remota possibilidade de retorno de Caboclo ao comando da entidade;

6) Caboclo mente ao afirmar que “a tranquilidade pairava” nos ambientes das seleções, e que “a convite das comissões técnicas” ele participava de encontros e reuniões com os profissionais.

A verdade: ao contrário do que diz o acusado de assédio, ele jamais contou com apoio das comissões técnicas. Inclusive, não são poucas as testemunhas – inclusive atletas – que presenciaram cenas constrangedoras do então presidente em treinos e vestiários, por exemplo;

7) O acusado por assédios sexual e moral mente ao informar sobre manifestação de apoio que teria recebido da jogadora Formiga.

A verdade: a atleta teceu um comentário positivo em relação a Caboclo, mas isso se deu antes que a denúncia de assédios se tornasse pública. Assim que tomou conhecimento dos graves relatos da funcionária da CBF, Formiga manifestou repúdio em rede social e, em 11/06 – antes do jogo com a seleção russa – entrou em campo ajudando a segurar uma faixa com a inscrição “Assédio não!”;

8) O acusado de assédios mente ao afirmar que não será vítima “de mais uma canetada oportunista” daqueles que, segundo diz, promovem um complô contra ele.

A verdade: Caboclo foi afastado do comando da CBF pela Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, e terá seu destino definido por decisão democrática dos 27 presidentes de federações estaduais, conforme previsto no Estatuto da CBF. O acusado usufrui de pleno e amplo direito de defesa;

9) Caboclo mente ao considerar que pareceres de cinco juristas criminais são capazes de afirmar que ele não cometeu crimes de assédio, conforme já denunciado formalmente por uma de suas vítimas.

A verdade: As investigações acerca da acusação de assédios sobre Caboclo estão sob responsabilidade de procuradores do Ministério Público (RJ) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), e somente uma posterior decisão da Justiça será capaz de inocentá-lo.