A ilusão da terceira via. Lula e Bolsonaro querem o embate
Por Cláudio Magnavita*
A terceira via é o sonho de consumo de vários partidos e de alguns pré-candidatos que ficam à espera do cenário que começa a se definir no primeiro trimestre de 2022. Lulistas e Bolsonaristas estão em um jogo de ganha-ganha. Para os dois lados, o melhor cenário é a disputa entre eles. O PSDB e a chamada mídia tucana se transformaram nos algozes do presidente. Batem mais do que o PT. Querem também a polarização Doria/Leite com Lula.
O próprio PT está nas cordas em São Paulo pelo monstro que criou. O Lula.2, Guilherme Boulos quer o apoio incondicional dos trabalhadores a sua candidatura. Prometem romper. Não aceitam o namoro lulista com o ex-governador Marcio França. O professor Fernando Haddad sonha em ser ministro da Casa Civil e não quer a bola dividida Boulos e França.
Também em São Paulo as redes sociais apontam que o ex-presidente Michel Temer está se mexendo. Matreiro, ele espera o cavalo da terceira via passar selado. Pode, em hipótese remota, sair candidato ao Senado.
O fato novo é o Frankenstein que pode nascer da fusão DEM/PSL, com fundo partidário necessário para oxigenar uma terceira via. É o fato novo que alimenta os que apostam em uma terceira via. Vale lembrar que ministros bolsonaristas estão a bordo dessa fusão e podem ser os articuladores do apoio ao presidente. Bolsonaro chegou ao Planalto a bordo de uma das legendas da fusão .
Personagens como Henrique Mandetta e Sergio Moro se desidrataram por erros curriculares.
Na chegada da primavera, o cenário que se consolida é o embate Lula e Bolsonaro, para desespero dos sonhadores da terceira via. Os dois líderes das pesquisas querem isso, e o jogo será conduzido neste sentido.
Nesta equação o maior acerto de Bolsonaro foi ter encastelados no Palácio o senador Ciro Nogueira. Ele garante um tripé de sustentabilidade legislativa que passa principalmente pelo PP e PL. Não há hipóteses de impeachment e nem à esquerda lulista quer. Além disso o presidente tem apoio real que o ajuda a matéria a lei e a ordem.
Não há estômago que aceite um interferência do judiciário.
Resta apenas ao entorno presidencial descobrir que só há futuro para ministros candidatos com um presidente que chegue forte na disputa 2022. Reeleição presidencial deve ser o mantra de todos, antes de olhar para o seu próprio destino político. Estão todos atrelados só ao projeto que hoje está no poder. Nas costas de Paulo Guedes, a responsabilidade de espantar o baixo astral dessa turma.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã
