Editorial: “Vagabundo, ladrão e picareta”

A CPI do baixo calão: embates, ofensas  e sarcasmos achincalham o Senado

“Vagabundo, ladrão e picareta”

Por Claudio Magnavita*

O circo da CPI escreveu um dos mais lamentáveis capítulos da história do parlamento brasileiro. O embate entre os senadores Jorginho Melo e Renan Calheiros aponta que o baixo nível do Senado foi trocado, hoje, pelo baixo calão. A atitude de um ex-presidente da casa, relator da CPI, de partir para um confronto pessoal com um colega, depois de uma troca de insultos, derruba a credibilidade de qualquer relatório

A falta de decoro está virando rotina. Errou feio Calheiros ao mandar o Presidente da República para “os quintos” e, de quebra, incluir o empresário Luciano Hang. O senador Jorginho Melo economizava nos insultos até ser chamado de Vagabundo. O troco foi chamar Renan de ladrão e picareta.

Lamentável foi ver o senador baiano Otto Alencar humilhar o ministro da CGU, Wagner Rosário, listando os seus antecessores na pasta e afirmando que ele não teria condições de ocupar o cargo. Uma atitude vergonhosa pelo ataque pessoal. Usando a mesma equação do senador baiano, poderia invocar os seus antecessores no Senado. A Bahia contribuiu para elevar o nível da casa com nomes como: Rui Barbosa, Otávio Mangabeira, Pinto Aleixo, Josaphat Marinho, Rui Santos, Juracy Magalhães, Rui Bacelar, João

Durval Carneiro, Antônio Carlos Magalhães e, mais recentemente, Paulo Souto e Lídice da Mata. A postura mesquinha de Otto Alencar e a sua atuação não chega aos pés dos seus antecessores baianos na Câmara Alta do Legislativo brasileiro.

 *Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã