Planalto, covil de traição?

Planalto, covil de traição?

Por Cláudio Magnavita*

Até o último dia de dezembro de 2022, o presidente do Brasil se chama Jair Messias Bolsonaro. Pela constituição, cabe a ele indicar o nome para preencher a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). É um direito constitucional dele. Cabe ao senado sabatinar e votar. Caso o indicado não seja aprovado, ele pode sugerir outro nome, até que haja consenso. O que está ocorrendo é colocar uma cadeira do STF no limbo.

A ingratidão do Senador Davi Alcolumbre, que era visto como um lambe botas do presidente, fazendo contraponto ao antigo presidente da Câmara, do mesmo partido, é de um provincianismo irritante, e já começa ter reflexos nos julgamentos. Não também é resposta.

Criar este desgaste para o nome escolhido, o ex-ministro da Justiça, é confrontar com os deveres de um senador da República. É uma obstrução que penaliza o país e deixa Alcolumbre ainda mais nanico, não só pelo coeficiente de votos que teve, como também um ex-presidente do Senado, que tentou se perpetuar no cargo.

Lamentável é a omissão daqueles que se dizem leais e querem atrair o presidente para as suas legendas partidárias. Articular um terceiro nome agora é exatamente como trair o presidente e estruturar uma terceira via amanhã para o Planalto. Só é aceitável se for um jogo combinado. Bolsonaro já tem muitos inimigos, para cultivar no próprio Planalto e, nos andares simetricamente abaixo do seu gabinete, pessoas se aproveitam de situações para implantar uma agenda própria. O presidente precisa de aliados e não de Brutus.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã