Por:

Um sonegador que virou o herói da mídia

Um sonegador que virou o herói da mídia

Por Cláudio Magnavita*

A responsabilidade do estado do Rio sobre o caso da Refit (Refinaria Manguinhos) é enorme. O período mais duro para o acionista Ricardo Magro, conhecido pelas relações nada ortodoxas com governantes, fiscais e políticos com mandato, foi durante o Governo Sérgio Cabral. Pode parecer um paradoxo, já que o ex-governador está preso exatamente por financiamento de campanha e por ter um esquema de receitas subterrâneas. Por que Cabral foi duro com a Refit e ela não entrou na lista de parceiros? A resposta é simples. Ela estava há anos abduzida pelo esquema do deputado Eduardo Cunha. A fórmula engenhosa, desenvolvida na gestão Benedita da Silva, migrou parte para a Rosinha e irrigou Cunha com muito dinheiro vivo. Deu musculatura para ele crescer e foi justamente essa torneira que o então governador Sérgio Cabral quis fechar. Houve a desapropriação do terreno, e o processo, em vias de ser concluído, não garante mais o encontro de contas. A sonegação e a dívida tributária dispararam.

É um mistério como a Refinaria e as distribuidoras ligadas ao grupo Magro funcionam e mantêm as suas licenças. O Correio da Manhã inicia hoje, na coluna Magnavita, uma série de reportagens que demonstram uma exagerada tolerância de alguns atores envolvidos, além da forma de Ricardo Magro lesar mensalmente os cofres do Rio e, ao mesmo tempo, conseguir a proeza de ser endeusado pela mídia fluminense, complacente com o maior devedor e sonegador do Rio. Uma dívida que só tem de magro o sobrenome do seu principal beneficiário.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.