Messi e Cristiano Ronaldo têm queda no número de gols em ano da Copa

Quando o árbitro apitou o final da partida em Old Trafford, Cristiano Ronaldo, 37, era a imagem da desolação. Ele abriu os braços, balançou a cabeça como quem não acredita e foi para o vestiário.

Seu time, o Manchester United, havia empatado em 0 a 0 com o Watford, penúltimo colocado da Premier League.

Horas depois, em Paris, a equipe de Lionel Messi, 34, venceu o Saint-Étienne por 3 a 1 pelo Campeonato Francês. O argentino não marcou, mas jogou bem e deu passe para um gol.

As estatísticas dos dois atletas que protagonizam um duopólio inédito no futebol mundial nos últimos 15 anos não são as mesmas de temporadas anteriores. Tanto que se pode fazer uma pergunta que até pouco tempo seria inimaginável: Messi e Ronaldo estão em decadência?

"Eu ainda tenho quatro ou cinco anos pela frente. Quero continuar vencendo títulos", resumiu na semana passada o português, uma figura que parece cada vez mais frustrada no United, clube em que explodiu para o futebol e para onde voltou no ano passado. Deveria ser uma coroação. Tem sido difícil.

Lionel Messi ainda tenta se acertar em sua primeira temporada no Paris Saint-Germain depois de uma saída do Barcelona que, tanto para ele como para o clube, foi traumática. Na França, ele é uma peça de luxo de uma engrenagem bilionária e não achou o mesmo ritmo mostrado na Espanha.

O argentino tem menos problemas do que Ronaldo na Inglaterra, é verdade, mas os desafios internos são muito menores. A única meta do PSG é ganhar a Champions League.

"Ele não vai deixar uma marca em Paris. É um garoto de outro clube, o Barcelona, que é a sua vida. Ele não tem mais pernas para correr tanto quanto antes", acusou o meia Jèrôme Rothen, que atuou no time parisiense de 2004 a 2008 e hoje é comentarista da emissora RMC, na França.

Incluídas as partidas também pela seleção argentina, pela qual conquistou a Copa América, a média de gols de Messi na atual temporada é de 0,37. Ele atingiu 30 partidas em 2021/2022 e anotou 11 vezes. É pouco mais da metade da pior marca ofensiva que obteve nos últimos dez anos pelo Barcelona.

Nas duas temporadas anteriores, ele teve médias de 0,73 em 2020/2021 (44 gols em 60 jogos) e 0,70 em 2019/2020 (31 gols em 44 jogos). Apesar de piores, estão acima do que costumam produzir atacantes do futebol europeu. Nos dois anos, ele foi o máximo goleador do Campeonato Espanhol.

Nada disso está perto do que fez em 2011 e 2012. Na temporada 2011/2012, chegou na marca de 1,22 gol a cada 90 minutos (83 em 68 jogos) e em 2012/2013, registrou 1,11 gol por jogo (68 anotados em 61 compromissos).

Cristiano Ronaldo marcou 20 gols em 34 jogos pelo Manchester United e pela seleção portuguesa na atual temporada. A média de 0,60, se comparada às dez anteriores, quando atuou por Real Madrid e Juventus, é ruim. No período, em quatro oportunidades ele chegou a número igual ou superior a um gol por partida: 1 em 2016/2017 e 2011/2012; 1,01 em 2013/2014; e 1,15 em 2014/2015.

Os dois mudaram de posição com o passar do tempo. Já na Copa de 2018, na Rússia, Messi mostrava não ter mais condições físicas de buscar a bola no campo de defesa e levar até o gol adversário.

Cristiano Ronaldo deixou de ser o jogador de velocidade pelas pontas para se tornar um centroavante, um finalizador.

Mesmo assim, continuaram dominando as premiações de melhor do mundo. Messi venceu seis vezes (2009, 2010, 2011, 2012, 2015 e 2019) e Cristiano Ronaldo, cinco (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017). Mas nos dois últimos anos, o ganhador foi o polonês Robert Lewandowski.

É uma queda de rendimento em temporada que termina naquela que deverá ser a última Copa do Mundo da carreira dos dois atacantes. E a derradeira chance de ambos vencerem o principal torneio de seleções do planeta. Vice-campeão em 2014, Messi vai chegar ao Qatar, em novembro, já com 35 anos.

A Argentina, atual campeã da Copa América, já está classificada para o Mundial. Portugal terá de passar por uma repescagem em duas partidas no próximo mês. Uma delas poderá ser contra a Itália.