Heptacampeão, Lewis Hamilton diz duvidar de si e ter altos e baixos

Por: Luciano Trindade

Quando perdeu o título da temporada 2021 da F1 na última volta do GP de Abu Dhabi, Lewis Hamilton precisou se recolher para refletir sobre sua carreira. Além da frustração que ele carregava por se sentir injustiçado com o desfecho do Mundial, também estava desgastado emocionalmente devido à disputa que travou ao longo do ano com Max Verstappen.

O heptacampeão mundial manteve silêncio até o início da atual temporada, quando explicou que estava sofrendo emocionalmente. Nesta quarta-feira (13), em palestra no evento de inovação digital e negócios Vtex Day, realizado em São Paulo, o inglês falou diante de uma plateia de cerca de 8.000 pessoas sobre os desafios emocionais que tem enfrentado.

"Acreditem ou não, tenho altos e baixos, dias em que acho que não sou bom o suficiente, em que acho que falhei. Mas temos que nos levantar, acreditar que somos fortes", afirmou o piloto da Mercedes.

A crença em sua força tem sido testada neste ano. Se em 2021 ele protagonizou com o holandês da Red Bull uma das mais eletrizantes disputas da F1 nos últimos anos, nesta temporada o novo carro da equipe alemã ainda não lhe permite brigar por vitórias. Em três corridas até aqui, seu melhor resultado foi um terceiro lugar no Bahrein.

Hamilton assegura que isso não abala sua vontade de continuar na categoria. "Amo trabalhar com as 2.000 pessoas que temos na equipe. É a minha 16ª temporada na F1, mas tenho a mesma fome do começo, o foco em treinar, na saúde, do lado mental."

Parte da inspiração que o inglês busca para se manter empenhado em evoluir ele encontra justamente no Brasil. Durante o evento em que foi a principal atração, ele fez questão novamente de expressar admiração pelo país e, sobretudo, por Ayrton Senna, seu maior ídolo.
"Ayrton era o piloto que eu queria ser", disse.

"Na minha infância, quando eu voltava para casa depois da escola, eu sempre assistia às corridas do Ayrton em uma fita cassete. Fazia isso todos os dias", contou.

Nas pistas, ele também busca formas de se conectar com o ídolo, como fez no GP São Paulo de 2021, ao carregar a bandeira brasileira em seu carro depois de vencer a prova em Interlagos.

"Quando dei aquela volta de celebração, eu vi aquela bandeira na curva 10, parei, e algo me impulsionou a pegá-la. Foi um momento de grande orgulho para mim", afirmou.

Também é motivo de orgulho para o piloto o trabalho que ele tem feito para aumentar a diversidade na F1. O tema de sua palestra no Brasil tem relação com seus projetos: "De azarão a líder: como prosperar contra todas as probabilidades e se tornar um ícone global".

Considerado o primeiro piloto negro da história da F1, Lewis Hamilton relembrou o incômodo que sentiu quando ingressou na categoria, mas destacou as mudanças que já conseguiu provocar.

"Eu sempre fui o único negro na equipe, nos boxes. Quando eu perguntava o motivo, nunca ouvi uma resposta satisfatória. Acho que eles não estavam realmente interessados em achar uma resposta. Fizemos esse trabalho e já começamos a ver algumas minorias representadas no esporte. Meu objetivo é ver um esporte mais diversificado em 10 ou 15 anos. Sinto que essa é minha responsabilidade", finalizou.

Hamilton voltará às pistas no próximo dia 24, no GP de Emilia-Romagna, na Itália.