Chelsea feminino inova nos treinos

Por Pedro Sobreiro

O futebol feminino vem ganhando espaço e, aos poucos, investimentos na área, que devem melhorar a competitividade e profissionalizar a categoria esportiva. Na Inglaterra, uma equipe vem inovando no modo de treinamento. São de conhecimento geral as diferenças entre os corpos masculinos e femininos. Então, por questões de fisiologia, o treino das atletas de alto rendimento deve ser diferente do masculino.

Porém, o Chelsea foi além e decidiu pesquisar sobre a influência do ciclo menstrual no corpo das atletas. A iniciativa partiu da treinador da equipe, Emma Hayes, que pretendia melhorar o rendimento da equipe e reduzir o número de lesões. O resultado foi impressionante.

A equipe vai adotar o aplicativo FitrWoman, que ganhou os holofotes ao ser utilizado pela Seleção America na Copa do Mundo de 2019, para registrar e analisar o desempenho das jogadoras durante as fases do ciclo menstrual.

Em entrevista ao jornal britânico “The Telegraph”, Emma Hayes, foi bem sincera ao falar sobre como enxerga a medida com positividade:

“Sou uma treinadora de mulheres em uma indústria na qual as mulheres sempre foram tratadas como ‘homens pequenos’. O ponto de partida é que passamos por algo muito diferente dos homens todo mês. E temos que entender isso melhor porque não aprendemos sobre nosso sistema reprodutivo na escola” - disse Emma.

A criadora do FitrWoman, Georgie Bruinvels, comentou que o ciclo menstrual é um processo de inflamação que, em excesso, pode facilitar o acontecimento de lesões, como no caso das rupturas de ligamentos cruzados anteriores dos joelhos, que pode ocorrer com mais facilidade em períodos de “explosões hormonais”, por exemplo.

O projeto adapta os treinos para quatro fases do ciclo menstrual: menstruação, pré-ovulação, pré-ovulação/pré-menstrual e pré-menstrual.

“É importante entender que cada jogadora pode ser ajudada em diferentes fases do ciclo [menstrual]: não é apenas uma questão de ter azar em um dado momento e ter que lidar com isso [lesões]. São coisas que você pode fazer” - disse a goleira do Chelsea, Carly Telford, em entrevista ao The Telegraph.

“Essas jogadoras serão a primeira geração de mulheres a terem conhecimento sobre seus ciclos menstruais e vão espalhar esse conhecimento o máximo possível. E esperamos que isso vire cultura no futebol mundial, para que todas possam lidar melhor com seus ciclos menstruais” - completou Emma Hayes.

O Lyon, da França, gostou e importou o projeto para seu time feminino.