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NBA vê sucesso de equipes feitas em casa e fracasso de supertimes

Por: Marcos Guedes

Dallas Mavericks, Golden State Warriors, Miami Heat e Boston Celtics são as equipes vivas na luta pelo título da NBA. Nenhuma delas adotou o modelo chamado de "supertime", a junção de ao menos três estrelas, que parecia, há alguns anos, o único formato possível no caminho para o troféu da liga norte-americana de basquete.

Quem decidiu trilhar essa rota fracassou na temporada 2021/22 -casos de Los Angeles Lakers e Brooklyn Nets, que tinham amplo favoritismo em suas respectivas conferências nas casas de aposta no início do campeonato. O sucesso foi encontrado pelas franquias que apostaram em grupos formados organicamente, com crescimento paulatino e reforços pontuais.

Foi assim que Miami e Boston chegaram à decisão da Conferência Leste. O Heat cultivou talentos que buscou na universidade, como Bam Adebayo, hoje com 24 anos, e Tyler Herro, 22, eleito melhor sexto homem da competição.

Quando surgiu a oportunidade, levou Jimmy Butler, 32, que havia fracassado com outras camisas e encontrou sua casa.

No caso dos Celtics, o grande nome cresceu na própria equipe. Jayson Tatum, 24, começou sua carreira na NBA de verde e branco, assim como Jaylen Brown, 25, e Marcus Smart, 28. Levou algum tempo e mais de um treinador, mas o time se encaixou e se estabeleceu como um dos melhores da liga.

Na primeira rodada dos mata-matas, o adversário foi o Brooklyn, de estratégia bem diferente na construção do elenco. Talentos formados em casa, como Caris LeVert, hoje com 27 anos, foram liberados ou trocados para que o técnico Steve Nash tivesse à disposição James Harden, hoje com 32 anos, Kevin Durant, 33, e Kyrie Irving, 30.

Nesse movimento, diminuiu o que costuma ser chamado nos Estados Unidos de "profundidade", o número de peças confiáveis à disposição. Diminuiu também a margem de erro, já que a eventual ausência de um dos grandes nomes torna bem mais complicada a mecânica do time, deles dependentes.

No transcorrer da temporada, os Nets foram de favoritos a zebras a facilmente eliminados. Irving, recusando-se a ser vacinado contra a Covid-19, não podia atuar nas partidas em casa, por causa das medidas sanitárias de Nova York. Harden, em fim de contrato, deixou claro que sairia ao fim do torneio e foi trocado pelo lesionado Ben Simmons, 25.

A partida 4 da série contra o Boston, que fechou a disputa em tranquilo 4 a 0, foi ilustrativa. Apenas um dos nove jogadores que pisaram na quadra pelo Brooklyn tinha sido escolhido pela franquia no "draft", o sistema de recrutamento de calouros da NBA. Já os Celtics, que também usaram nove atletas, tinham sete por eles "draftados".

Na contra conferência, o fracasso do "supertime" foi ainda mais retumbante. O Los Angeles Lakers abriu mão de jogadores que tinham sido importantes em seu título de 2020, como Alex Caruso, 28, Kentavious Caldwell-Pope, 29, e Kyle Kuzma, 26. Tudo para que Russell Westbrook, 33, pudesse se juntar a LeBron James, 37, e Anthony Davis, 29.

LeBron e, ainda mais, Davis, tiveram seguidas lesões. Westbrook não se entendeu com o treinador Frank Vogel, agora demitido. E os favoritos terminaram sua campanha com 33 vitórias e 49 derrotas. Em 11º lugar no Oeste, não conseguiram nem um lugar no "play-in", torneio que reúne do 7º ao 10º e vale as duas últimas vagas nos "playoffs".

Estão na final da conferência o Golden State Warriors e o Dallas Mavericks. Os Warriors já foram um "supertime", com Stephen Curry, hoje com 34 anos, Kevin Durant e Klay Thompson, 32. Mas tiveram de se refazer após a saída de Durant e as graves lesões de Thompson. Cultivaram jovens que "draftaram", como Jordan Poole, 22, e fizeram aquisições pontuais, como Andrew Wiggins, 27.

Seu adversário tem Luka Doncic, 23, como principal nome e outros atletas que só vestiram uma camisa na NBA, caso de Dorian Finney-Smith, 29. Mesmo os times eliminados nas semifinais de conferência, Phoenix Suns, Memphis Grizzlies, Milwaukee Bucks e Philadelphia 76ers, estão longe do modelo "supertime", embora o último tenha tentado juntar James Harden a Joel Embiid, 28.

Campeão no ano passado, Giannis Antetokounmpo, 27, celebrou ter chegado ao sonhado troféu Larry O'Brien sem ter se juntado a outras estrelas. "É fácil ir a algum lugar e ganhar um campeonato com mais alguém. É fácil. Eu poderia ir a um supertime e só fazer minha parte. Este é o jeito difícil, e conseguimos assim", afirmou.

Já não está tão fácil para os "supertimes", como no tempo de Magic Johnson, Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy nos Lakers, nos anos 1980. Ou como foi com o Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh, já na década passada, na qual também seu deram bem os Warriors de Curry, Thompson e Durant.

Esse agora parece ser o jeito difícil. Ao menos o foi nesta temporada, de fracasso dos estrelados Nets e Lakers. E de sucesso de Heat, Celtics, Warriors e Mavericks, construídos tijolo a tijolo.

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