Pelo fim do assédio nos estádios cariocas

Por Pedro Sobreiro

Um dos pontos que mais afasta mulheres dos estádios em jogos de futebol é a possibilidade de sofrer assédio ou algum outro tipo de violência sexual. Visando mudar esse cenário para incentivar que mulheres possam torcer sem medo de sofrer algum tipo de abuso, a deputada estadual, Daniella Monteiro, do PSOL, fez um projeto de lei em parceria com diversas torcedoras, para auxiliar as mulheres que passem por qualquer situação de constrangimento durante os jogos.

O projeto foi aprovado na última quinta-feira (5) pelo governador Wilson Witzel e virou a Lei 8.743, que prevê uma reforma na maneira como o assédio é lidado dentro dos estádios. A começar pela divulgação permanente de campanhas contra o assédio e violência sexual, seja por meio de avisos nos telões, mensagens nos auto-falantes e até mesmo por cartazes e faixas, como a Fifa faz contra o racismo em jogos de Copa do Mundo, por exemplo.

Dentre esses avisos serão divulgadas políticas públicas que o estado pratica contra o assédio e números telefônicos nos quais as vítimas podem fazer a denúncia ou buscar ajuda.

A lei prevê também um novo treinamento dos funcionários dos estádios para habilitá-los a como atender as vítimas e como proceder caso elas precisem de ajuda.

Outro ponto interessante é a possibilidade da vítima ter acesso às câmeras de segurança dos estádios para tentar identificar o agressor e conseguir protocolar a denúncia com algum tipo de prova. 

A lei foi escrita com ajuda de vários grupos de torcedoras cariocas que militam pelo direito de poderem torcer em paz. O movimento “Vascaínas contra o assédio” chamou a atenção para a causa com uma faixa no Maracanã no jogo contra o ABC, pela Copa do Brasil.

Em entrevista, a coordenadora do movimento, Eloiza Marques, comentou o caso:

- Tivemos muita visibilidade com isso. É bom o pessoal estar atento que estamos ali, que as mulheres estão presentes, que estão tendo voz na arquibancada. Desde o início da temporada as mulheres relatam direto na página quando acontece alguma coisa. Elas se sentem acolhidas, abraçadas e ouvidas. Juntas elas têm forças para continuar e não abandonar o estádio.

A medida deve aumentar a presença mulheres nas torcidas dos grandes clubes, que só querem uma coisa: torcer, diz a autora, Daniella Monteiro:

- Podemos verificar que a maior parte do público feminino nos estádios é de mulheres jovens. Dessa forma, a lei possibilita que esses equipamentos sejam mais do que espaços de diversão e lazer. Haverá conscientização e suporte contra o assédio e a violência que atinge a mulher.