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CBF divide clubes e interesse dos atletas

Por Gabriel Moses

Essencialmente, vestir a “amarelinha” causa arrepio em qualquer jogador que pensa grande. Pelo menos era esse o pensamento de muitos atletas de grandes clubes no exterior, e principalmente no país. Contudo, parece que o jogo virou. Diversos clubes brasileiros têm entrando em colisão contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no que diz respeito à convocação de jogadores para disputas de amistosos na Seleção principal, e torneios disputados pelas Seleções de base.

O caso mais recente que demostra a falta de harmonia entre as instituições se deu no Rio de Janeiro: as convocações de Reinier e Talles Magno para o Mundial sub-17 contrariaram, respectivamente, a vontade das diretorias de Flamengo e Vasco em contar com seus atletas para o fim da temporada.

Pelo lado Rubro-negro, Reinier não foi liberado, e o treinador da Seleção, Guilherme Della Dea, tratou de convocar Pedro Lucas, da base do Grêmio. Na última segunda-feira (14), o clube entrou com uma Medida Inominada durante o período de convocação da competição. O argumento para a não liberação se deu pelo fato de a equipe flamenguista apresentar inúmeros problemas de lesão. Ultimamente, o jovem de 17 anos tem sido peça importante para Jorge Jesus, entrando em jogos válidos pelo Brasileiro, e até mesmo da Copa Libertadores da América. Sem dar qualquer resposta, a CBF simplesmente desconvocou o camisa 19 da Gávea.

Do lado Cruzmaltino, a equipe não obteve aquilo que esperava, a permanência de Talles Magno. O principal motivo para a ida do atacante para a Seleção passou pela sua própria vontade em competir um torneio internacional, ainda que de base, pelo Brasil. Diante desse quadro, nada restou aos dirigentes vascaínos, apenas o acatamento.

Principal peça do time, Talles Magno fez sua última partida pelo Vasco contra o Fortaleza, pela 26ª rodada do Brasileiro. Caso o Brasil chegue até a final, ou na disputa pelo terceiro lugar, o menino da Colina volta somente na 34ª rodada, justamente no clássico contra o Flamengo. Ao todo, Talles pode desfalcar o time de Luxemburgo em até nove jogos.

E não é só a convocação de base que tem atrapalhado os times brasileiro não. Querido por muito tempo, mas aos poucos caindo nas críticas, Tite tem escolhido nomes que são peças fundamentais para o rendimento dos clubes brasileiros, tanto em torneios nacionais, como da América do Sul.

Os principais afetados por essa escalação foram Flamengo (novamente) e Grêmio. Ambos os times perderam duas peças cada, e o que gerou mais indignação por parte dos dirigentes e torcida foi a importância demasiada dada em amistosos que não possuem tanta importância, a não ser econômica, para a CBF. Além disso, com o devido e merecido respeito, os países adversários eram de Senegal e Nigéria. E a localização da partida não cooperou em nada para um possível retorno e descanso imediato dos atletas: para menos de 30 mil pessoas, a sede escolhida para a realização dos jogos foi Cingapura, na Ásia.

Sem Gabigol e Rodrigo Caio, Jorge Jesus teve que dar o seu jeito para manter o Flamengo na rota da invencibilidade, pelo menos no brasileiro. E obteve êxito.

Já Renato Portaluppi não contou com dois titulares de seu time, o volante Matheus Henrique, e o destacado Everton Cebolinha, um dos principais nomes do elenco brasileiro campeão da Copa América 2019. Em comparação aos cariocas, o time gaúcho teve que se desdobrar mais para manter o entrosamento da equipe. Tal fator se explica diferença de investimentos feitos pela diretoria gremista em relação ao Rubro-Negro no começo do ano.

Diante desses casos recentes, fica nítido a falta de empatia das instituições esportivas e, principalmente, dos torcedores em relação à camisa pentacampeã mundial, e que deveria representar o orgulho máximo do futebol brasileiro. Em tese.

A realidade das equipes brasileiras está na subida quase espontânea de jovens da base para já comporem elenco profissional e, ainda mais, a titularidade e liderança técnica do time. Vide o caso do Fluminense, Vasco, Botafogo, Santos, Corinthians, Atlético-MG... São tantos os times que vivem essa realidade atualmente.

Mas o órgão máximo do futebol nacional ainda não joga junto com essa ideia instaurada. Pelo contrário. Dá todo o suporte para a valorização e capacitação dos mais imaginativos sonhos que alguém, falando de forma majoritária, pode ter: vestir a camisa do seu país dentro das quatro linhas.

Logo, é uma questão complexa tratar a vontade do jogador versus o desejo dos clubes. Talles, por exemplo, não está pecando por dizer sim ao Brasil. E Reinier segue na mesma linha, só que com a vontade na contramão.

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