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Futebol do Nordeste dá um baile no Sudeste

Por Pedro Sobreiro

Geralmente preteridos pela imprensa tradicional, independentemente de suas campanhas, os times do nordeste decidiram usar 2019 como um verdadeiro divisor de águas para suas realidades dentro do futebol nacional.

Decididos a marcar presença nos principais noticiários esportivos do país não apenas pelos resultados dentro de campo, Bahia, Fortaleza e Ceará estão apostando em gestões transparentes, democráticas e focadas nos seus torcedores para crescerem cada dia mais e aumentarem o patrimônio dos clubes. Em outras palavras: estão buscando a modernização do trabalho e criando condições para transformar a região nordeste em um mercado atrativo para grandes técnicos, torcedores e jogadores do Brasil.

Então, diferentemente de muitos clubes gigantes da região sudeste, os três nordestinos da Série A estão com salários em dia, investindo em construções e modernizações de centros de treinamentos, em divulgações pesadíssimas nas redes sociais e uma campanha crescente de engajamento de novos sócios e torcedores.

Talvez o principal representante dessa nova fase brilhante do futebol nordestino seja o Bahia. Bicampeão Brasileiro, o Tricolor Baiano viveu em baixa por muitos anos, enquanto enfrentava a pior crise financeira de sua história.

Nas mãos de uma péssima gestão, que trabalhava de forma obscura e se endividava cada vez mais, o clube respirava por aparelhos. Então, a torcida começou um processo demorado, mas efetivo, chamado de “Bahia da Torcida”, que tinha como principal objetivo trazer respeito ao Tricolor e o mais importante: democracia.

Em 17 de agosto de 2013, os sócios do Bahia aprovaram o novo Estatuto do clube, possibilitando eleições presidenciais diretas e a instauração de um Conselho Deliberativo equivalente aos votos das chapas. De 2013 até aqui, o Esquadrão de Aço conseguiu colocar as contas em dia, montar elencos competitivos e investir em melhorias de estrutura para o clube. Além, claro, de conquistar uma Copa do Nordeste e quatro Campeonatos Baianos.

Em 2019, o clube passou a se engajar socialmente de forma pioneira no século. Foram campanhas em peso contra o racismo, a xenofobia, a questão indígena, a homofobia e a mais recente foi uma campanha em prol da limpeza das praias nordestinas, afetadas pelo vazamento de óleo. É um trabalho espetacular de uma gestão que mira o futuro.

Outro Tricolor a viver dias de glória é o Fortaleza. O Leão do Pici equilibrou as contas com transparência e apoio de sua apaixonada torcida, que lotou estádios mesmo nas épocas ruins.

Após conquistar seu primeiro título nacional, o Brasileirão da Série B, em 2018, no Centenário, o Fortaleza retornou à elite do futebol nacional e chegou com as credenciais de grande campeão da Copa do Nordeste 2019.

Atualmente, o Tricolor do Pici tem a quarta melhor média de público do campeonato, e vai começar a vender camisas populares por R$ 60 para evitar a pirataria e explorar mercados mais humildes, como o interior.

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