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Queda da Ferrari nos EUA gera intriga sobre ilegalidade no motor italiano

Por Juliane Cerasoli (UOL/Folhapress)

Quando questionado sobre qual seria o motivo do desempenho pífio da Ferrari durante o GP dos Estados Unidos, Max Verstappen, terceiro colocado em Austin e o único capaz de andar perto do ritmo dos Mercedes, que fizeram na dobradinha, rebateu ironicamente: "Por que você acha? Vou deixar vocês descobrirem sozinhos."

À imprensa holandesa, o piloto da Red Bull foi mais incisivo: "É isso que acontece quando você é pego trapaceando", referindo-se aos mais de 50s de diferença entre o vencedor Valtteri Bottas e Charles Leclerc, a única Ferrari a completar a corrida em Austin.

Não é a primeira vez que Verstappen verbaliza sua aposta de que a Ferrari teria algo irregular, e isso seria em seu motor. Em Suzuka, duas corridas antes, ele já havia dito ao UOL Esporte que o rendimento do time italiano "não podia continuar". Ele se referia ao crescimento ferrarista desde o GP da Bélgica. De lá para cá, foram seis provas em sequência com poles ferraristas, muito em função de sua velocidade de reta, que não era tão superior nas corridas.

Mas o que teria mudado nos Estados Unidos? Há tempos a Honda, que fornece motores à Red Bull, está tentando desvendar o que o motor ferrarista tem de diferente. E a cada suspeita o time manda um questionamento à Federação Internacional de Automobilismo como se eles mesmos quisessem usar a solução em seu motor. E, no último desses questionamentos, teriam recebido um não, indicando que seria algo ilegal.

O procedimento seguido pela FIA, então, é enviar uma diretiva técnica para todas as equipes informando que tal solução foi considerada ilegal. Foi isso que aconteceu nos EUA: a tal diretiva dizia que não é permitido injetar mais combustível no motor que o limite de 100kg/h, mesmo nos intervalos de medição de fluxo. Verstappen e a Red Bull acreditam que era isso que dava tanta vantagem à Ferrari.

A partir do momento em que uma diretiva como esta é publicada, o time que insiste em manter seu sistema corre o risco de ter o resultado da corrida protestado por um rival. Assim, a Red Bull crê que a Ferrari não usou seu sistema - e com isso não fez a pole position e esteve completamente fora da disputa pelo pódio.

Na Mercedes, Toto Wolff afirmou que eles também notaram um comportamento bastante diferente do motor ferrarista em Austin. "Os traços de velocidade que o GPS mostra são completamente diferentes das últimas corridas. Se isso é por conta da diretiva técnica ou por outro problema, não posso dizer."

Os dados citados por Wolff mostravam a Ferrari com 0s4 de vantagem na reta. Em corridas anteriores, essa diferença oscilou entre 0s8 e 1s. Mas o chefe ferrarista, Mattia Binotto, negou que a queda de rendimento tenha a ver com a diretiva técnica. "É verdade que não estamos ganhando tanto nas retas, mas agora estamos no mesmo nível dos rivais nas curvas, pelo menos em classificação. Ainda fomos competitivos no sábado, mas aconteceu algo na corrida que temos de entender. O que fizemos foi sacrificar um pouco o acerto para ir rápido na reta para melhorar nas curvas. É simples assim."

A próxima etapa do campeonato, no Brasil, deve dar uma ideia mais clara do que realmente está acontecendo na Ferrari, uma vez que a pista em Interlagos dois trechos longos de aceleração plena, na Subida do Café e na Reta Oposta, ao mesmo tempo em que tem menos curvas que a pista de Austin. O GP do Brasil será disputado dia 17 de novembro.

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