A renovação necessária para o COB

Uma eleição que promete entrar para a história do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Não apenas pela presença de três chapas, mas por ser a primeira, em 40 anos, sem o nome de Carlos Arthur Nuzman como candidato ou como apoiador.

Atual presidente, Paulo Wanderley, que imprimiu mudanças no estatuto do comitê, busca mais quatro anos à frente da entidade. Porém, ele terá dois adversários com bastante força nos bastidores: Hélio Meirelles, presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno e Rafael Westrupp, da Confederação Brasileira de Tênis.

A eleição se dará com a possibilidade de até dois turnos para confirmar o novo presidente, que precisará conquistar a maioria dos 49 votantes. Caso no primeiro turno nenhum dos três concorrentes alcance mais de 25 votos, que serão secretos, o que tiver menos apoio será eliminado da disputa.

O atual colégio eleitoral do COB é composto pelos dirigentes das 35 confederações olímpicas, 12 representantes da Comissão de Atletas (Cacob) e os dois integrantes brasileiros do Comitê Olímpico Internacional (COI): o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman e Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional.

Até o momento, 17 confederações declararam apoio oficialmente a Paulo Wanderley, sete a Rafael Westrurpp, que tem também o voto de Parsons, e cinco a Hélio Meirelles.

Espaço que conquistaram ao longo dos anos, os atletas, via Cacob, serão decisivos neste escrutínio e planejam votar em bloco.

Nos bastidores, há uma articulação, caso haja segundo turno, dos apoiadores de Hélio votarem em Rafael ou vice-versa. Ambos desejam que Paulo Wanderley não assuma o comando do COB novamente.

Rafael, aliás, vem como um forte oponente. Ele busca uma renovação na entidade, dando mais espaço aos atletas e mais diálogo com os poderes públicos: “Eu venho buscar mais diálogos com as confederações, com o governo, com as universidades, com as esferas públicas. Os atletas precisam participar mais do COB, estar mais envolvidos com o dia a dia do comitê e na montagem de projetos. Precisamos parar de olhar para dentro e expandir os horizontes para fora, construindo um movimento olímpico mais profícuo”, disse.

Rafael, ressalta que, além dos poderes nacionais, o COB perdeu também o status internacional: “o COB manteve seus atributos financeiros, mas perdeu com o poder nacional e internacional. Precisamos estabelecer uma conexão mais forte com o COI”, afirma.

Sobre os Jogos Olímpicos, adiados para 2021, Rafael não titubeou ao dizer que não pretende mexer muito no planejamento autal: “Nossa agenda é o esporte. Não vamos alterar as bases e os atuais pilares de sustentação. Vamos manter o La Porta (Marco La Porta, atual vice-presidente do COB e ex-presidente da Confederação Brasileira de Triatlo – cargo a que renunciou para assumir o posto no COB) como o chefe da Missão Olímpica em Tóquio. Futuramente, vamos tirar nossas conclusões sobre o material humano que temos. Além disso, temos que fazer um planejamento olímpico não apenas de quatro anos, mas de oito ou doze anos”.

Possivelmente o fiel da balança nessa eleição, a Cacob será crucial para a escolha do novo presidente do COB. Para conseguir votos desse grupo de atletas, além de todo o aparato que prepara para o grupo, Rafael tem como vice-presidente o ex-jogador de vôlei de praia Emanuel Rêgo, a quem fez bastante elogios como profissional e como gestor: “Emanuel é uma pessoa de princípios, de valores, com três medalhas olímpicas. Ele vem para dar o protagonismo necessário à classe e limpar essa mancha que, durante anos, está no COB”.

A assembleia-geral será realizada em um hotel localizado na praia na Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, a partir das 10h.

Além da eleição para a presidência do COB, haverá também o escrutínio para a única cadeira independente do Conselho de Administração da entidade. Aliás, Rafael, caso eleito, pretende dar mais mais autonomia a esse conselho e tirá-lo do guarda-chuva do COB.

Sete nomes postulam o cargo no conselho e os favoritos são o delegado aposentado da Polícia Federal Rodney Rocha Miranda, ex-prefeito de Vila Velha (ES), atual secretário de Segurança Pública de Goiás; Ricardo Leyser, ex-ministro do Esporte no governo de Dilma Rousseff; e Marcus Vinícius Freire, ex-jogador de vôlei, ex-dirigente do COB e sócio da Play9, empresa curadora de conteúdo e de gestão de canais de YouTube.