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Governador articula futebol no DF e planeja receber final da Sul-Americana

Alex Sabino, Carlos Petrocilo e João Gabriel (Folhapress)

O Distrito Federal se transformou na principal alternativa para clubes brasileiros no ápice da pandemia da Covid-19. Neste mês, Taguatinga recebeu uma partida da Copa do Nordeste. Dos dias 11 a 15, Brasília será sede da Supercopa do Brasil, um clássico válido pelo Campeonato Carioca e dois confrontos continentais. A articulação para realizar os jogos foi feita pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Dirigentes de clubes e federações disseram à reportagem que o principal objetivo do político ao abraçar as partidas da Conmebol (Confederação Sul-Americana) é dar força para que o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, receba a final da Copa Sul-Americana em 2021 ou 2022.

O local é um dos dez candidatos a sediar a decisão deste ano, marcada inicialmente para 6 de novembro.

Também são possibilidades a Arena Castelão (Fortaleza), o Beira-Rio (Porto Alegre) e a Arena Pernambuco (Recife). Outros seis estádios são argentinos, mas o país já é favorito para receber a final da Libertadores, o que abriria espaço para o Brasil ficar com a definição do torneio menos badalado.

No espaço de cinco dias, o Mané Garrincha receberá quatro confrontos: Palmeiras x Flamengo, pela Supercopa do Brasil (em 11 de abril); Santos x San Lorenzo, pela Libertadores (13); Palmeiras x Defensa y Justicia, pela Recopa Sul-Americana (14); e Flamengo x Vasco, pelo Campeonato Carioca (15). Ibaneis Rocha assumiu a iniciativa para tornar Brasília e sua principal praça desportiva cada vez mais visíveis no futebol, às vezes sem informar o consórcio que administra o Mané Garrincha.

O governador anunciou que a arena seria sede da Supercopa quando os responsáveis pelo estádio não consideravam o assunto definido e ainda havia detalhes a serem acertados. O jogo foi confirmado oficialmente pela CBF nesta segunda (5), para as 11h do próximo domingo (11), sem a presença de público.

No final de março, ele disse que a ideia do governo era fazer com que o confronto entre o campeão brasileiro (Flamengo) e o da Copa do Brasil (Palmeiras) acontecesse com a presença de público. Questionado na saída de um evento, disse apenas "vamos fazer", declaração que pegou de surpresa dirigentes do futebol e administradores do estádio.

A proposta era que profissionais de saúde do Distrito Federal, já vacinados contra a Covid-19, recebessem ingressos. Seria a primeira partida de expressão com público no futebol nacional desde o início da pandemia no país, em março do ano passado. A ideia não prosperou, até porque a realização dos jogos esteve sob risco. Na última terça-feira (30), a juíza Kátia Balbino havia decidido impor restrições que proibiriam a realização de eventos esportivos no Distrito Federal. A medida foi derrubada no dia seguinte pela desembargadora federal Ângela Catão, a pedido do governo estadual. Brasília também deverá receber 30 partidas do NBB, a liga nacional de basquete, que está concentrada na cidade desde o início deste mês.

Ibaneis Rocha costurou o acordo para o jogo de volta da Recopa Sul-Americana (a ida será em Buenos Aires, nesta quarta) em conversa com o presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte. Ele apresentou o Mané Garrincha como sede à Conmebol porque isso teria de ser feito 15 dias antes da data do confronto, para que os funcionários da Confederação Sul-Americana pudessem preparar a organização do evento.

Integrantes do governo do Distrito Federal dizem, ainda, que a estratégia da administração local é que receber esses jogos durante a pandemia ajude a sediar outras partidas ao longo do ano, com público e que colaborem para movimentar a economia da região.

Consultada pela reportagem, a CBF afirma que o assunto dos jogos da Sul-Americana cabe apenas à Conmebol. O governador gostaria de contar com apoio da entidade brasileira. A Confederação Sul-Americana afirma não comentar hipóteses. A CBF se comprometeu a custear viagem e hospedagem de Flamengo e Palmeiras para a Supercopa, por se tratar de uma competição nacional. O vencedor receberá R$ 5 milhões da entidade, e o vice, R$ 2 milhões.

Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o governo do Distrito Federal não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Mais caro estádio a ser construído ou reconstruído para a Copa do Mundo de 2014 (R$ 1,7 bilhão na época), o Mané Garrincha recebeu sete jogos no torneio. Também foi sede de dez partidas da Olimpíada do Rio, em 2016.

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