As coincidências de um novo capítulo histórico do futebol mundial

Por: Pedro Sobreiro

Dizem que apenas quem não entende o que é o futebol tenta procurar alguma lógica no esporte mais popular do planeta. Tratada por muitos como religião, essa paixão mundial é repleta de misticismos, tradições e momentos que fazem até mesmo o mais cético dos homens se questionar sobre suas percepções. Esse é o futebol.

Em um ano marcado por diversas coincidências com a temporada esportiva de 2012, mais um curiosidade aconteceu para marcar 2021 de vez nos livros de história sobre o futebol. Após 28 anos, a Argentina enfim voltou a conquistar um título oficial. E não foi só isso. Com a vitória por 1 a 0 sobre o Brasil, em pleno Maracanã, Lionel Messi exorcizou vários fantasmas de seu passado.

O primeiro deles, claro, foi ter conquistado seu tão sonhado troféu pela seleção argentina, dando fim a uma jornada iniciada há sete anos, também no Maracanã, em Argentina 2 x 1 Bósnia, pela primeira rodada da Copa do Mundo de 2014. Ali teve início uma busca implacável que seria frustrada três vezes consecutivas nos últimos anos. A maior delas, inclusive, no próprio Maracanã, onde Messi e seus companheiros esbarraram na péssima pontaria de Higuaín e acabaram sendo derrotados pela Alemanha, na traumática Copa de 2014. Nos dois anos seguintes, a Argentina voltou a disputar duas finais de Copa América, perdendo ambas para o Chile.

Então, quis o futebol que as amarguras de Messi se encerrassem justamente no palco onde esse calvário começou: no Maracanã. Mais do que isso, foi o primeiro título desde que ‘D10s’ deixou o plano terrestre e foi para o além, de onde assistiu sorrindo ao triunfo argentino em solo brasileiro.

Foi um golpe duro do destino, que só desentalou esse grito de felicidade preso na garganta dos ‘hermanos’ meses depois do luto pelo adeus de Don Diego Armando Maradona tomar as ruas de Buenos Aires com um canto triste de lamúria.

Por fim, fechando esse ciclo de coincidências, o tão sonhado título de Messi pela seleção virou realidade no mesmo dia em que seu principal rival fizera história há cinco anos, em um 10/7.

Isso mesmo, o primeiro título de Cristiano Ronaldo por sua seleção, que também foi o primeiro título oficial de Portugal - a Eurocopa 2016 -, também aconteceu em um 10 de julho. Da mesma forma, os dois maiores jogadores do Século XXI, que passaram a última década travando duelos fascinantes dentro e fora de campo, pouco fizeram na cancha em suas respectivas finais. Porém, se tornaram símbolo das conquistas por tudo que jogaram antes nos torneios e pelo que representam para seus países e para o próprio futebol.

Seja coincidência ou não, mais um ciclo se encerrou neste 10/7. Se o que faltava para Messi ser considerado um dos maiores de todos os tempos era ganhar um título com a Argentina, agora não falta mais. E com essa Copa América, o camisa 10 desponta como favorito a levar seu sétimo prêmio de melhor jogador do mundo ao fim da temporada. Fato é que nessa caixinha de surpresas que é o futebol, entre a alegria dos campeões e o lamento dos derrotados, por mais que possa machucar, é um deleite presenciar quase diariamente a mitologia do mundo da bola ganhar novos e gloriosos capítulos escritos pelos pés desses gênios.