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China tranca 34 mil visitantes na Disney de Xangai para fazer testes de Covid

No domingo (31), enquanto milhares de visitantes esperavam na fila para andar em uma das montanhas-russas e assistiam aos fogos de artifício lançados acima do castelo encantado, funcionários da Disney em Xangai, na China, bloqueavam a saída do parque.

Pessoas usando equipamentos de proteção pessoal entravam pelos portões para fazer testes de detecção da Covid-19 em todos os visitantes antes que eles deixassem o local, segundo noticiou a agência Bloomberg.

Quase 34 mil pessoas na Disney foram testadas, em um processo que só terminou por volta de meia-noite, bem depois do horário normal de fechamento do parque. Os visitantes foram transportados para suas casas em 220 ônibus especiais.

Todos tiveram resultado negativo na segunda-feira (1º), mas, ainda assim, terão que fazer isolamento durante dois dias e serão testados novamente em duas semanas.

O parque da Disney em Xangai foi fechado após uma mulher que foi de Hangzhou para Xangai no final de semana ter resultado positivo no teste de Covid. Autoridades não confirmam que ela tenha estado na Disney, mas o diagnóstico levou a um vigoroso processo de rastreamento de contatos, que chegou até as pessoas que estavam no parque, seus familiares e funcionários do estabelecimento.

A reação pode parecer extrema, mas é típica da abordagem radical da China para evitar novos episódios de agravamento da pandemia de coronavírus. Após conseguir conter em abril do ano passado o surto inicial da Covid em Wuhan, o regime chinês vem tentando não apenas controlar a crise sanitária, mas, também, eliminar o vírus.

Para isso, adotou uma série de medidas drásticas: quarentenas obrigatórias em centros para milhares de pessoas, lockdowns, testagem em massa para identificar casos preventivamente. Esse tipo de abordagem foi usado, com sucesso, em Singapura, Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, antes que a variante delta inviabilizasse também essas medidas.

A China e Hong Kong estão entre os últimos países e territórios que ainda implementam uma estratégia de tolerância zero contra a Covid. Enquanto outros países estão reabrindo suas fronteiras, Pequim está endurecendo as medidas, ainda que a variante delta, mais contagiosa, tenha se espalhado para mais de metade das províncias, com 480 casos.

As estratégias de combate ao vírus têm afetado cada vez mais a vida dos chineses, com lockdowns localizados e restrições a viagens afetando as atividades comerciais e o esperado retorno à normalidade.

Em um condado na província de Jiangxi, no leste da China, todos os semáforos foram mantidos no sinal vermelho como uma medida emergencial para reduzir a mobilidade. Em Pequim, moradores que se ausentam da cidade às vezes não conseguem voltar, e ficam ilhados em aeroporto e estações de trem.

Zeng Guang, ex-chefe de epidemiologia no Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, afirmou à mídia local em agosto que a estratégia do país de eliminação do vírus se deve, parcialmente, à necessidade de doses atualizadas das vacinas de Covid.

Segundo registros oficiais, a China vacinou mais de 75% de sua população de 1,4 bilhão de pessoas imunizantes produzidos no país, como os desenvolvidos pela Sinopharm e pela Sinovac (mesma desenvolvedora da Coronavac usada no Brasil).

Embora não tenha comparecido presencialmente à cúpula do G20 em Roma, na Itália, o dirigente chinês, Xi Jinping, usou seu momento de fala, transmitido por videoconferência, para se queixar do fato de que as vacinas desenvolvidas na China não são aprovadas em todos os países que compõe o bloco.

Nem os Estados Unidos nem a Agência Europeia de Medicamentos, por exemplo, aprovaram os imunizantes chineses ou os russos. Por sua vez, Rússia e China também não têm utilizado vacinas estrangeiras em seus programas de imunização.

Não é possível, porém, comparar as taxas de eficácia divulgadas pelas desenvolvedoras das vacinas porque cada estudo tem sua metodologia própria e, principalmente, um período de desenvolvimento do ensaio clínico distinto, assim como cada órgão nacional, como o FDA, nos EUA, e a Anvisa, no Brasil, possuem métodos diferentes para a validação dos imunizantes.

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