Membros de comissão de direitos humanos são impedidos de embarcar a Caracas

SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS)

Uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi impedida, na manhã desta terça (4), de embarcar em um avião da Copa Airlines no Panamá com destino a Caracas. 

De acordo com o órgão, braço para direitos humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), funcionários da companhia panamenha disseram aos três integrantes do grupo -o uruguaio Edison Lanza, a panamenha Esmeralda Arosemena de Troitiño e o brasileiro Paulo Abrão- ter recebido um aviso de que, caso os membros da CIDH estivessem a bordo, o avião seria impedido de aterrissar.

Procurada, a Copa Airlines não respondeu ao questionamento feito pela reportagem sobre o ocorrido até a publicação deste texto. Segundo a agência de notícias Reuters, a empresa se recusou a comentar o caso. 

A Copa é uma das poucas companhias internacionais que ainda realizam voos a Caracas. Nos últimos anos, a American Airlines, a Air France e empresas brasileiras, como a Gol, deixaram de voar à capital venezuelana.

A Comissão Presidencial para os Direitos Humanos, entidade criada pela Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora e liderada por Juan Guaidó, informou que, com o impedimento, os delegados da CIDH irão a Cúcuta, na fronteira da Venezuela com a Colômbia, para encontros com familiares de vítimas e representantes políticos e religiosos da oposição.

"Estamos indo de Caracas para lá ainda hoje. Assim, eles terão toda a informação que pudermos entregar", afirmou Humberto Prado, presidente da entidade venezuelana. 

De acordo com o órgão, que planejava uma visita de cinco dias a Caracas, esse é um plano B acertado previamente com a Assembleia Nacional, uma vez que o ditador Nicolás Maduro já tinha advertido que a missão estava proibida de entrar no país.

Caso ocorresse, essa seria a primeira visita de uma comissão da CIDH ao país desde 2002.

A delegação divulgou a programação que tentaria realizar na capital venezuelana. A agenda contemplava reuniões com parlamentares opositores, familiares de civis e de militares que estão presos por motivos políticos, representantes da sociedade civil e líderes religiosos. 

Também estava prevista a visita a uma penitenciária, embora para isso tampouco os membros do órgão tivessem autorização.

No Twitter, o chanceler Jorge Arreaza alertou, na última sexta-feira (31/1), que "o governo da Venezuela não convidou nem aceitou a visita da CIDH". 

Diosdado Cabello, homem-forte do regime venezuelano, afirmou que a delegação do órgão baseado em Washington estava buscando um "espetáculo midiático, pois já sabia que seria proibida de entrar".