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Hong Kong atende pacientes com Covid ao ar livre em meio a explosão de casos

Com uma explosão de casos de Covid-19 nas últimas duas semanas, diversos hospitais de Hong Kong têm operado acima de sua capacidade, segundo as autoridades de saúde, e alguns estabelecimentos montaram alas do lado de fora de seus prédios.

Um deles é o centro médico Caritas, que fica na península de Kowloon. Dezenas de pacientes ocupam camas do lado de fora, em tendas improvisadas.

Antes do surto atual, o território governado pela China tratava os pacientes com Covid em alas isoladas, mas os leitos e um estabelecimento temporário para tratamento em larga escala próximo ao aeroporto lotaram rapidamente, segundo o Euronews.

Diante da alta, a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a resposta adotada pelo governo não tem sido satisfatória com a sobrecarga de hospitais e da equipe médica.

Também reconheceu que as autoridades não conseguiram manter a obrigação de testagem e isolamento, adotada para controlar a Covid no território.

Para lidar com o surto, a líder anunciou que cerca de 3.000 apartamentos públicos e 10 mil quartos de hotéis seriam convertidos em unidades de tratamento. Também serão distribuídos mais de 100 milhões de kits para testes para o território de 7,5 milhões de pessoas.

A China, por sua vez, disse que ajudaria a aumentar a capacidade de testagem, tratamento e quarentena, além de garantir recursos para exames rápidos.

O número de casos registrados nesta segunda (14) foi 16 vezes maior que há duas semanas -de 84 em 1º de fevereiro para 1.448, segundo a plataforma Our World in Data. Especialistas, no entanto, alertam que as infecções diárias podem chegar a 28 mil até o fim de março, número maior do que o total desde o início da pandemia, de 18.494 casos.

Apesar de não haver dados disponíveis sobre a prevalência da variante ômicron, o surto ocorre após a chegada da cepa do coronavírus detectada na África do Sul e que é mais contagiosa.

Há também preocupações devido ao alto número de idosos que têm hesitado em se vacinar. Da população total, 84% receberam ao menos uma dose e 74,6% estão com esquema completo, segundo dados do governo.

A cobertura, porém, cai conforme a faixa etária. Enquanto 88,8% daqueles com idade de 40 a 49 anos estão completamente imunizados, essa taxa cai para 70,9% entre aqueles com 60 a 69 anos, 55% de 70 a 79 anos e apenas 26,3% para quem tem mais de 80 anos.

O número de mortes, por sua vez, permanece baixo, assim como em outros surtos. Nesta segunda, foram dois óbitos confirmados, e o máximo registrado nas últimas duas semanas foram três. Desde o início da pandemia, que já soma 221 mortos, o maior número de óbitos no mesmo dia foram seis, em agosto de 2020, segundo o Our World in Data.

Apesar da alta, a chefe-executiva disse não haver planos para um lockdown total do território. "Não podemos nos render ao vírus. Isso não é uma opção", afirmou Lam, em entrevista coletiva, reforçando sua estratégia de "Covid zero", similar à adotada pela China.

Pequim, no entanto, adota duras restrições de locomoção para conter surtos.

A líder honconguesa não descartou, por outro lado, a possibilidade de adiar as eleições para o comando do território, em 27 de março. Segundo Lam, que não confirmou se buscará um segundo mandato de cinco anos, a situação será continuamente revisada dada "a gravidade e a velocidade desta última onda".

A eleição para chefe-executivo da ex-colônia britânica nunca foi adiada desde que o Reino Unido a devolveu a Pequim, em 1997. No pleito, um comitê de 1.500 pessoas, examinadas pelas autoridades por seu patriotismo e lealdade à China, escolhem seu líder.

Há dois anos, as autoridades adiaram as legislativas devido ao coronavírus. A eleição, que tem participação popular para a escolha de alguns assentos, aconteceu em dezembro do ano passado.

Neste período, duras restrições mantiveram as fronteiras de Hong Kong fechadas, e a Covid em baixa -mas a população já demonstra cansaço. Igrejas, pubs, escolas e academias seguem fechadas, e reuniões públicas com mais de duas pessoas estão proibidas. Os restaurantes fecham às 18h, e a maioria trabalha em home office.

Na tendência de outros países, Hong Kong irá adotar, a partir de 24 de fevereiro, um passe vacinal para frequentar restaurantes, supermercados e shoppings.

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