América Latina pode se beneficiar da guerra na Ucrânia, prevê BlackRock

Por: Lucas Bombana

Na avaliação da gestora global de recursos BlackRock, a guerra na Ucrânia pode trazer consequências positivas de médio e longo prazo para países da América Latina como Brasil, México e Colômbia.

Segundo Larry Fink, CEO da gestora com cerca de US$ 10 trilhões (R$ 47 trilhões) em ativos, o processo de desglobalização como reflexo dos conflitos no Leste Europeu fará com que as cadeias de suprimentos globais passem por um importante processo de rearranjo ao longo dos próximos anos.

Frente aos impactos econômicos gerados pela guerra, especialmente para a Europa, os países e as grandes empresas devem passar a direcionar as operações de forma a reduzir sua dependência de parceiros globais, focando mais em negócios regionais, prevê Fink.

Nesse cenário, os países da América Latina precisam atentos para aproveitar as oportunidades que surgirão como resultado dessa reorganização da economia global, afirmou o CEO da BlackRock.

"Com o aumento da inflação, todas as companhias estão se perguntando como minimizar qualquer tipo de dependência. E acredito que esse é um fenômeno que pode ser muito importante para a América Latina", disse o executivo nesta segunda-feira (4), durante evento online promovido pela BlackRock.

Em carta publicada na semana passada, o CEO da gestora global defendeu que a guerra na Ucrânia representa o fim da globalização como a conhecemos até hoje.

Chefe de estratégias de investimento para América Latina da BlackRock, Axel Christensen acrescentou que a alta nos preços das commodities nos mercados internacionais pode seguir beneficiando economias exportadoras de matérias-primas como o Brasil.

No entanto, ele lembrou também que o processo de aperto monetário nos países da América Latina iniciado em meados de 2021 para conter a pressão inflacionária trará impactos negativos para o ritmo da atividade econômica na região.

"Não é um momento fácil para ser um banqueiro central neste momento", afirmou Christensen, lembrando que os bancos centrais parecem convencidos de que não poderão levar a taxa de juros para os níveis necessários para conter a inflação de forma rápida, para não afetar de forma demasiada a recuperação da atividade econômica.

No relatório Focus, a mediada das projeções dos economistas consultados pelo BC aponta para a taxa Selic em 13% no final do ano, com uma inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 6,86%.