Votação na Super Terça derruba Bloomberg

Por Marcelo Perillier (Correio da Manhã) e Marina Dias (Folhapress)

Se a eleição americana fosse uma casa de apostas, Michael Bloomberg teria perdido muito dinheiro. Ou melhor, já perdeu. O ex-prefeito de Nova York apostou demais na Super Terça, mas os mais de US$ 500 milhões injetados do próprio bolso na campanha foram em vão, pois o candidato venceu apenas no território de Samoa Americana e, com isso, se retirou da disputa de ser indicado do Partido Democrata para a Casa Branca. 

Quem se saiu bem na Super-terça foi o ex-vice-presidente Joe Biden, que venceu em 10 estados, incluindo o Texas, e faturou 596 delegados, precisando de mais 1.395 para ser consolidado pelo partido.

No entanto, o progressista Bernie Sanders, diferentemente de quatro anos atrás, está com mais fôlego na disputa. Mesmo vencendo em apenas quatro estados, Bernie venceu a Califórnia, o que lhe garantiu 531 delegados, faltando apenas 1.460 para enfrentar Donald Trump na eleição geral. Tecnicamente, os dois estão embolados. A senadora Elizabeth Warren, com apenas 61 delegados, foi a última postulante a sair da disputa.

Ancorado no voto dos negros, o ex-vice de Barack Obama apostou todas as fichas na Super Terça para se consolidar como a alternativa a Sanders. Rapidamente, ele uniu o centro democrata em uma articulação bem montada, que começou com a desistência de Pete Buttigieg e Amy Klobuchar às vésperas da Super Terça e desaguou com a saída de Michael Bloomberg.

A decisão de Bloomberg se alinha ao desejo do establishment do partido. Lideranças tradicionais da sigla temem que a agenda de justiça social e igualdade econômica de Sanders afaste eleitores moderados que, em 2018, ajudaram os democratas a recuperar maioria na Câmara.

Figurões da legenda já se mostraram dispostos a se mexer para impedir a nomeação de Sanders, mas a disputa deve ser no voto a voto até julho, quando acontece a convenção nacional do partido. Isso, é claro, se ele ou Biden não conquistarem antes os 1.991 dos 3.979 delegados durante a fase das eleições primárias, além de grande parte dos dos 771 super-delegados, que entram em cena caso ninguém consiga o número mágico de delegados.