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Europa aperta medidas contra coronavírus, mas tenta conter pânico

Por Ana Estela de Sousa Pinto/ Folhapress

Alemanha, Reino Unido, França e outros países europeus anunciam nesta segunda-feira (10) medidas mais drásticas para contar a epidemia de covid-19 (doença causada pelo coronavírus Sars-Covid-2).

Alemanha, França, Áustria e Romênia decidiram proibir reuniões de mais de mil pessoas, com exceções para estações de transporte público e manifestações.

O governo britânico se reúne para avaliar o fechamento das escolas e o cancelamento de eventos públicos ou a proibição do ingresso de maiores de 70 anos (os idosos têm maior probabilidade de morrer de complicações da doença).

O Reino Unido quer adiar o máximo possível, porém, medidas mais extremas, para evitar o pânico, que considera mais prejudicial tanto para o sistema de saúde quanto para os negócios.

Neste domingo, redes de supermercados passaram a racionar a venda de produtos como água, leite longa vida, macarrão e enlatados, porque uma corrida para fazer estoques começou a esvaziar prateleiras.

Os britânicos estão montando uma força-tarefa para identificar fake news ou desinformação e responder com orientações corretas.

Nesta segunda, a Itália começa a montar pontos de controle nas rodovias, estações de trem e aeroportos de 15 províncias do norte do país, que estão sob quarentena desde domingo. Idas e vindas devem ser reduzidas apenas a casos extremos, como emergências médicas ou compromissos profissionais inadiáveis.

Cerca de 16 milhões de pessoas vivem nas regiões que o governo pretende manter isolada até ao menos 3 de abril. Viagens aéreas e de trem para as principais cidades, como Milão e Veneza, continuavam normalmente no domingo, o que elevou a preocupação no sul do país e em outros países.

A imprensa europeia relatou corridas às estações e aeroportos para deixar a zona de quarentena antes que os controles fossem impostos, o que pode ter espalhado ainda mais o coronavírus.

Em Londres, aterrissaram 17 voos vindos de Milão, e os pasageiros desembarcaram sem nenhum tipo de controle sanitário, segundo o jornal britânico The Telegraph. Companhias aéreas anunciaram que reduziriam voos a partir de hoje.

Com 7.375 doentes e 366 mortos, a Itália é o segundo país com mais mortes causadas pela covid-19, atrás apenas da China (80.735 doentes e 3.119 mortos). A Coreia do Sul tem mais casos de covid-19 que a Itália (7.382 ), mas apenas 50 mortes.

Além da restrição de mobilidade no norte da Itália, museus, casas de espetáculo e outros pontos de aglomeração foram fechados em todo o país, e casamentos, missas e funerais, suspensos. O decreto também estabelece que as pessoas fiquem a pelo menos um metro de distância das outras em mercados, restaurantes ou igrejas.

Enquanto os maiores países da Europa lançam medidas de controle, alguns dos menores, como Bélgica, Holanda, Lituânia e Estônia, se queixam de falta de solidariedade.

Na última sexta, ministros da Saúde desses países reclamaram em reunião em Bruxelas que Alemanha e França estão bloqueando a exportação de produtos como máscaras de proteção e deixando de honrar contratos.

Reuniões internacionais na sede da União Europeia, porém, devem ficar cada vez mais raras. Nesta segunda, o Conselho Europeu (que reúne os chefes de governo dos 27 países membros) anunciou que reduzirá os encontros ao mínimo necessário e cortará o tamanho das equipes de assessores que acompanham primeiros-ministros e presidentes. Foram suspensas todas as visitas de grupos e programas de treinamento na instituição.

A epidemia está afetando também o funcionamento de Legislativos europeus, depois de casos confirmados de infecção de parlamentares por coronavírus.

Os eurodeputados transferiram a sessão plenária semanal, que normalmente acontece em Estrasburgo, para Bruxelas, mas a liderança do bloco Renew Europe quer suspender totalmente o encontro e reduzir os trabalhos a apenas o indispensável.

No Reino Unido, o presidente da Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados), Lindsay Hoyle, discute nesta segunda a proposta de fechar o Parlamento britânico. Na semana passada, a imprensa do país afirmou que a ideia seria parar os trabalhos até setembro, medida criticada pelo primeiro-ministro, Boris Johnson.

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